ANIVERSARIANTES
do MÊS
Parabéns!
Regina Godoy 01
Pedro Vargas 02
Luana Ribeiro 05
Bernar 19
Gisele Oliveira 19
Dulce Silva
Santos 22
Geraldo de
Souza 26
PENSAMENTO
DO MÊS
“Antes
que eu possa mudar o mundo, tenho que mudar o homem. (Bertold Brecht)
A
MELHOR FRASE DA SEMANA
“Ser jovem é trazer dentro do coração todo o
ardor do sol”. (Rui Barbosa)
A
MELHOR FRASE DO MÊS
“Hoje em dia dizer que uma coisa é impossível,
é colocar-se do lado dos que vão perder”. (Von Braun)
FILOSOFANDO
“Cada
fracasso ensina ao homem algo que necessita aprender”. (C. Dickens)
“A mulher foi passear na capital. Dias depois o marido recebe um e-mail dela: Amoreco me envie mil reais. Preciso comprar uma capa de chuva, Aqui está chovendo sem parar. E o marido responde: - Regresse. Aqui chove mais barato!”
NEWS
Não
deixe de assistir ao programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às
17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet www.tvvilaimperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero.
CONVITE:
O projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO ROMERO, é apresentado
sempre no primeiro sábado do mês, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo
Romero, às 19h, com entrada franca para os associados e convidados especiais, e
ainda oferece, gratuitamente, pipoca e refrigerante. O projeto, nos mesmos
moldes, está sendo estendido para a Casa de Cultura Cocco Barçante. A próxima
apresentação será lá, mediante convite e acontecerá às 19h do sábado, dia 19 do
corrente.
Maiores
informações pelo telefone 99918-1817. O endereço é Rua Coronel Veiga, 1734 –
Ponte Fones
O
amigo e confrade ANTÔNIO MENROD, poeta, escritor e dramaturgo, lançou na Feira
de Livros da APL, o texto de sua mais recente peça teatral: “A FILHA DO
CARDEAL”. Brevemente lançará seu mais recente trabalho literário: - O livro
infanto-juvenil “STELA, PALMAS PARA ELA”. Vamos aguardar o sucesso!
CURSO
DE TEATRO
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
O
POEMA DO MÊS
“ESCRAVO
DO SONETO”
(João
Roberto Gullino)
Soneto?
Para que desenterrá-lo
se
é um estilo tão velho e antiquado?
Se
é porque gostas, faça-o com cuidado,
velando
com carinho, sem resvalo.
Na
verdade, precisas bem amá-lo:
nas
métricas e rimas ser frisado
e
pela acentuação sempre ligado,
sendo
dele autêntico vassalo.
Zela
bem, com rigor, cada terceto,
não
imites o vôo de um besouro
que,
tonto, flana ao som de um minueto.
E
mesmo que tu sejas um calouro,
cuida
muito bem do último verseto
para
fechá-lo, enfim, com chave de ouro.
João
Roberto Gullino é membro honorário da Academia Brasileira de Poesia. Este poema
foi extraído de seu livro: “RAÍZES SOMENTE”,
CRÔNICA DO MÊS
“QUITANDINHA”
– O MAGESTOSO HOTEL-CASSINO JÁ É VOVÔ!
(Angelo Romero)
Apesar dos últimos problemas surgidos que
desafiam Petrópolis, sendo que o mais grave é a violência, oriunda do tóxico,
problema este importado das grandes cidades, Petrópolis, nos seus 171 anos de
vida, continua a seguir seu roteiro por ser uma cidade eminentemente turística
e que possui um povo acolhedor que tanto recebe bem quem nos visita, assim como
o forasteiro que para aqui vem para morar. Além de seu clima ameno e pacifista,
a Cidade oferece uma produção artística e cultural para todos os gostos, com
uma programação diversificada e constante, através do Museu Nacional, do Teatro
Municipal, do Centro de Cultura Raul de Leoni, da Casa Cláudio de Sousa e do
Palácio de Cristal, apenas para citar as instituições públicas. Não obstante,
Petrópolis orgulha-se de possuir rica arquitetura, em que seus principais
prédios guardam parte importante da história do Brasil. E se falando de beleza
e história, ainda podemos destacar a imponente Catedral e o Solar do Império.
Diante de tantas atrações, o turista, em passeio de charrete, conhecerá apenas
as fachadas de nossos principais prédios, praças e monumentos. Para conhecer
melhor a Cidade, ele terá que se hospedar e contratar um guia turístico. E
falando em hospedagem, creio eu que nossa rede hoteleira deixa a desejar. Custo
a entender o que se passa na cabeça dos empresários voltados para a hotelaria.
E olha que não sou um especialista no assunto. Deixei para falar por último, do
que é, para mim, o mais belo conjunto arquitetônico da Cidade e o que mais me
impressiona: o Hotel-Cassino Quitandinha em seus 70 anos de existência. A
incompetência, a burocracia e, principalmente a corrupção, há anos que vem
cegando nossos principais dirigentes com relação a uma das maiores e melhores
fontes de renda do país: o turismo. Precisaríamos da visão de um Juscelino para
conduzir nosso Brasil para o primeiro mundo. Será que existe povo mais
acolhedor que o brasileiro? Será que existe no mundo uma cidade tão bela quanto
o Rio de Janeiro? Será que existe um país com maior riqueza rítmica e melódica
que o nosso? E a exuberância de nosso folclore? Isto sem falar em carnaval,
café e futebol, temas que nos tornaram conhecidos no passado. E com tudo isso é
que sabemos, tristemente, que às notícias que exportamos para o resto do mundo
sobre o Brasil, ao invés de incentivar o turismo, priva da visita de quem nos
conhece através de postais. Mas, voltemos ao Quitandinha, obra notável do Sr.
Joaquim Rola, criminosamente descaracterizada por nossa incompetência, aliada à
estupidez e fraqueza do governo Dutra. Dizem que em casa de militar quem dá
ordem unida é a mulher. Porém, a senhora esposa de nosso general-presidente,
resolveu mandar também no Brasil e obrigou o marido, em respeito à Igreja
Católica, a acabar com o jogo em nossa pátria. Mas é esta mesma Igreja que, ironicamente,
convoca seus humildes fiéis aos jogos de azar, através dos bingos, rifas e
etc., para ajudar nas obras de seus templos, ao invés de desfalcar a
incalculável fortuna do Vaticano. O país não precisa pertencer ao primeiro
mundo para que tenha cassinos. O Uruguai, nosso vizinho ali da esquina, extrai
do brasileiro que para lá vai jogar, boa parte de suas divisas em seu Cassino
de Punta Del Leste. A falsa moral é que atravanca o progresso. O jogo em nosso
país nunca foi proibido. O que se proíbe é o cassino. O jogo do Bicho, desde
que foi criado, até aos nossos dias, continua a alimentar o sonho do pobre e do
policial desonesto. Por sua vez, a Caixa Econômica Federal, órgão do governo, incentiva
o povo a jogar. E foi com emoção duplicada que vi Abelardo Romero, meu pai,
chegar extasiado de Petrópolis, após assistir a festa de inauguração do Cassino
Quitandinha, a convite de seu amigo Joaquim Rola. E, tempos depois, emocionado
voltei a ficar ao vê-lo desempregado que foi de sua função como fiscal de
cassino, pela tal lei arbitrária e retrógrada, que citei acima. Já imaginaram
quanto Petrópolis poderia arrecadar em impostos com o jogo no Cassino? Dinheiro
este que poderia ser usado na reforma de nossos hospitais e escolas?
O
Hotel-Cassino Quitandinha, com toda a sua opulência, não passa hoje de um belo
conjunto arquitetônico apenas para pousar para as lentes de fotógrafos que ali
se postam para captar, com emoção, imagens para um cartão-postal.
Esta
crônica foi publicada no jornal “Tribuna de Petrópolis”, em 19 de março deste
ano.
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 30/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
97º
O DESENCONTRO DOS FOCAS
Fui
ler hoje o convite dos bacharelandos em jornalismo, e antes não o lesse. Uma
tristeza! Está bem redigido, não há dúvida, e o papel dobrado em quatro, é da
melhor qualidade. Não é, pois, do papel propriamente dito, nem tampouco do
estilo em que foi vasado no convite que me vem a decepção. É antes do papel dos
bacharelandos. Tem-se a impressão, pela leitura desse convite, de que eles não
estão entrando na imprensa, mas aposentando-se dela. São eles 58 moços e moças,
todos inteligentes, sob a bonita beca, e todos alegres, com seu canudo na mão.
Era natural, era justo, era nobre mesmo que eles escolhessem um patrono, ao
botar a beca, e proclamassem um paraninfo ao apalpar o canudo. Mas nunca, em
hipótese alguma, um patrono tão poderoso como o presidente da República. E foi
ao mais poderoso dos cidadãos que os bacharelandos proclamaram ou, melhor,
ungiram patrono da turma. Não satisfeitos com isso, entenderam de criar, para
maior segurança de todos, seis classes, seis quadros, seis padrões de
homenageados. (58 homenageantes para 31 homenageados). Três homenageados de
honra, quatro de reconhecimento, oito de “especiais”, quatorze “simples” e mais
administrativos. Que impressão teriam disso, se ainda aqui se encontrassem, um
Evaristo da Veiga, um Alcindo Guanabara, um Rui Barbosa, um José do Patrocínio
ou um Edmundo Bittencourt? A mais triste, por certo. A vocação para o
jornalismo se manifesta, na juventude, pela curiosidade, a indiscreção, um
desejo insopitável de meter o bedelho em tudo e tudo examinar, discutir e
revelar, desde o mistério da Santíssima Trindade, que só interessa aos
filósofos, até o mistério do desaparecimento do ovo na Semana Santa, o que a
todo estômago nacional interessa. Essa é, sem duvida, a manifestação comum da
vocação para o ofício de jornalista. O mais importante, porém, e que melhor
define essa vocação está na coragem com que o jovem militante revela o que
sabe, no interesse público, o que constitue uma prova de desinteresse
particular. É verdade que a valentia e a desambição desaparecem, na maioria dos
militantes, logo que lhes chegam cais. Com estas lhes chegam os desencantos e,
uma vez desencantados, aceitam eles um cargo público, dão para agenciar sua
publicidadezinha, passam a subscrever listas de banquetes e põem-se a escovar a
lapela de todos aqueles que ocupem as mais altas posições na administração
pública ou que detenham nas cheirosas garras o poder financeiro do país. Vá lá
que obrem assim aqueles que, encanecidos na profissão, nada tenham arranjado
nela senão o calo da pena ou da tecla da máquina de escrever. Os velhos em
geral são cínicos. No começo da carreira, porém, o jornalista deve ser afoito,
corajoso, independente, e ambicioso. Não deve se apadrinhar com o presidente da
República, a não ser quando se torne dono de jornal. E não deve exaltá-lo
sempre, e a propósito de tudo, a não ser quando se encontre na idade provecta e
proveitosa do nosso líder Herbert Moses. Admite-se, compreende-se e perdoa-se,
enfim, tudo no fim de carreira. Nunca, porém, no seu começo. Pelo que lá está
escrito, no convite dos bacharelandos, chaga-se à desoladora conclusão de que
eles já entram desencantados na profissão. E é pena. Abelardo
Romero
Obs.
Foi mantida a grafia da época e, excepcionalmente, o texto foi copiado, ao
invés de recortado do jornal, em face da má qualidade da impressão. Lamentavelmente,
os jornais com as crônicas de números 94, 95 e 96 foram perdidos.
Para
os amantes da poesia, CARLITO´S NEWS indica os seguintes livros e respectivos
autores: “SOLvendo Sentidos” (Ivone Alves Sol), “CONVERGÊNCIA” (Fernando Magno
e Christiane Michelin), “INTENSA” (Catarina Maul) e “RAÍZES SOMENTE” (João
Roberto Gullino). Nosso jornal se oferece para intermediar os possíveis
interessados, com os autores citados, através de nosso telefone.
ANIVERSARIANTES do MÊS
Parabéns!
Carmen
Felicetti 06
André
de A. Romero Filho 06
Marcelo
F. Thomas 16
Sylvio
Adalberto 17
Verônica
Bozano da Cruz 19
Vanessa
Rodrigues 21
Andréa
do Couto 23
Herly
de A. Freire 23
Lúcio
Ricardo 28
Geraldo
Silva Guimarães 30
Norma
de O. Almeida 31
PENSAMENTO DO MÊS
“Não poderá ser mestre quem
nunca foi discípulo” (Rojas)
A MELHOR FRASE DA SEMANA
“A amizade é a forma mais
pura e compensatória para amenizar a solidão, inerente ao ser humano”. (Angelo
Romero)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“Eu segurei muitas coisas em
minhas mãos e as perdi, mas tudo que eu coloquei nas mãos de Deus eu ainda
possuo”. (Martin Luther King)
O
RISO DE CARLITOS
“O
que teria acontecido se os três Reis Magos fossem três Rainhas? – perguntou um
amigo ao outro, e este respondeu: - Elas teriam pedido informações, chegado a
tempo e ajudado no parto. Teriam feito uma boa comida e arrumado o estábulo. E
melhor, teriam levado presentes úteis. E então, teria havido paz na Terra!
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às
17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet www.tvvilaImperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero.
O
projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO ROMERO, sempre no primeiro
sábado do mês, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, às 19h, com
entrada franca para os associados e convidados especiais, e ainda oferece,
gratuitamente, pipoca e refrigerante. O projeto, nos mesmos moldes, está sendo
estendido para a Casa de Cultura Cocco Barçante. A próxima apresentação será
lá, mediante convite e acontecerá às 19h do sábado, dia 29 do corrente.
Maiores
informações pelo telefone 99918-1817. O endereço é Rua Coronel Veiga, 1734 –
Ponte Fones
Em
data que será marcada brevemente, o amigo e confrade ANTÔNIO MENROD, poeta,
escritor e dramaturgo, lançará seu mais recente trabalho literário: - O livro
infanto-juvenil “STELA, PALMAS PARA ELA. Vamos aguardar o sucesso!
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
O
POEMA DO MÊS
“Azul”
Ivone
Alves Sol
Não
era azul aquela água do mar azul.
Mas,
o mar também não era azul!
Azul
era a cor do céu dançando nas ondas...
Que
onda! O céu estático dança
-
Nas ondas que embalam o mar!
Não
era blues o som das ondas,
Mas
o céu trajava azul.
Do
seu capuz, a sombra,
Num
mar aberto ao olho nu.
Não
era azul o mar...
E o
céu também não!
Azul
era o olhar
Sobre
a imensidão...
Do
céu e do mar!
(Poema
extraído do livro “SOLvendo Sentidos”.)
Ivone
Alves Sol é membro titular da Academia Brasileira de Poesia.
RIFÃO
Angelo
Romero
“Do
mundo nada se leva”.
-
Ingrato rifão do mundo.
Deste
mundo vou levar,
Meu
sonho de vagabundo.
(trovinha que escrevi aos treze anos e que
publiquei em “TEMPO ATRASADO”, meu primeiro livro.)
A CRÔNICA DE MÊS
(Angelo Romero)
PETRÓPOLIS,
171 anos – parabéns!
Há
muitos anos assisti um filme que se tornou famoso, cujo título em português
era: ”Do destino ninguém foge”. Ao me aposentar, preocupado com a violência do
Rio, com o trânsito caótico e com o calor, decidi viver o resto de meus dias
numa cidade menor, com clima ameno e bem mais pacata. Como sou praiano, e por
ter uma casa por lá, pensei primeiro em Cabo Frio. Minha mulher, ao contrário
de mim, não gosta de praia e decidiu por Petrópolis. Na verdade, não foi sua
decisão que me trouxe para cá, foi o destino, pois assim estava escrito. Eu não
pretendia viver de pesca, nem de mergulhos submarinos e sim, de literatura.
Vamos convir que, para tal, Petrópolis faria maior sentido. Eu acredito
piamente em destino. Quando Deus nos põe no Mundo, nosso roteiro já está
escrito, incluindo as partes principais: nascimento e morte. Claro que Ele nos
dá o livre arbítrio. Porém, o tal do livre arbítrio é para que tenhamos o
direito de incluir algumas passagens no roteiro, ou seja, para que possamos ser
co-autor de nossa vida. Estas passagens podem ser dignificantes e meritórias,
como podem ser contrárias aos bons costumes e maléficas para a sociedade. E é
aí que vamos depender de nossas escolhas, usando o livre arbítrio para o bem ou
para o mal. Beneficiado pela paz e pela boa qualidade de vida, não pude só
avolumar, como aprimorar minha produção artística e literária. Petrópolis
reconheceu meus possíveis valores, elegendo-me para suas principais Academias:
Petropolitana de Letras e Brasileira de Poesia. Inicialmente, como arrendatário
de uma casa noturna, pude perceber, ao fim de cada expediente, que poderia
caminhar pelas ruas desertas em plena madrugada, a esperar que fossem abertas
as portas da primeira padaria para o meu café matinal, ato este que no Rio
seria, no mínimo, temerário. Mas, Petrópolis, lamentavelmente, já não é aquela
cidade que conheci há vinte anos. A Cidade cresceu, embora o centro, espremido
entre rios e montanhas, não tenha como crescer geograficamente. Mas cresceu na
periferia de forma desordenada. Cresceu com os graves problemas inerentes às
grandes cidades, principalmente com relação à violência e ao trânsito. Com
novas linhas de ônibus ligando nossa tranquila cidade de outrora, à baixada
fluminense, passamos a receber alguns visitantes que usam o livre arbítrio para
o mal. Com a criação das UPPs, Unidade de Polícia Pacificadora, no Rio,
passamos a importar os perigosos traficantes e Petrópolis ganhou o status de
uma Metrópolis. “As bocas de fumo” proliferam, o trânsito, mal administrado,
tornou-se caótico. A energia elétrica fornecida pela péssima qualidade da
Ampla, já nos castiga com a falta de luz e com os “picos” de energia capazes de
fazer queimar nossos aparelhos eletrônicos. Já temos assalto a luz do dia e o
lixo se acumula nas ruas, tanto nos bairros, como no centro da Cidade. Uma
guerra está sendo travada entre o mau pedestre e o mau motorista. Já temos
atropelamento e desastres de trânsito. Em suma: da pacífica e pacata cidade
serrana, pouco restou, ou melhor, restou sua paisagem bucólica, restou seu
clima ameno, restou sua beleza arquitetônica e restou, principalmente, sua
população pacífica e ordeira. E, para nós que escrevemos, que amamos e que
adotamos esta bela e aprazível cidade para viver, resta-nos a esperança de que
nossos governantes atentem para os nossos problemas e que Deus, nosso Pai,
refaça seu roteiro, em benefício de um povo que não merece passar por tudo que
está passando.
Obs. Esta crônica foi publicada no jornal
“Tribuna de Petrópolis”, no dia 15 do mês corrente.
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 30/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
93º
A PRAGA DAS LETRAS
O
MAIOR inimigo da agricultura nacional é a literatura. Chego a esta conclusão
depois de haver constatado, fato único no mundo, a estreita relação que há,
neste país, entre trato da terra e o das belas letras. É verdade que não
tivemos até agora, como os gregos e os romanos no seu apogeu, o nosso poeta
agrícola, cantor do arado e das sementes das espigas douradas e dos frutos
sazonados. Mas possuímos, em compensação, a maior quantidade de literatos
agrícolas. Em toda a parte, onde quer que exista uma escola de agronomia, um
posto, um horto, uma fazenda experimental, etc., aí vamos encontrar os mais
dedicados cultores das letras. Agora mesmo, ao excursionar de avião pela bacia
amazônica, teve o Dr. Cleofas a oportunidade de constatar esse fato. Sempr5te
que o ministro pousava, num lugar qualquer, para observar a geminação de certas
sementes ou o desenvolvimento de certas plantas, em torno de sua excelência
floresciam em metáforas ardentes bocas nortistas. Da própria comitiva
ministerial faziam parte diversos literatos. De uma feita, numa clareira,
enquanto o ministro fazia perguntas sobre o comportamento de “clones” de
seringueira, um membro da comitiva exaltava a beleza da selva; outro, a
magestade do poente no rio-mar, e outros, ainda, recitavam poesias, de sua própria
lavra, sobre o velho tema amazônico.
Como
não dispusesse de tempo para ver tudo, pediu o ministro aos seus auxiliares
regionais que só lhe mostrasse coisas de real interesse no domínio da
agricultura. Estava ele, .porém, do aeroporto de Belém, à espera do avião que o
reconduziria, já com atraso, à cidade de Manaus, quando o diretor da escola de
iniciação agrícola local insistiu, arquejante e suarento, para que sua
excelência visitasse o seu estabelecimento. Explicou-lhe o Dr. Cleofas que não tinha tempo a perder.
Estava com pressa. Sua agenda era grande. Em face, porém, da insistência do
doutor, perguntou-lhe o ministro: Mas que há de novo, realmente interessante
para a agricultura nacional? – Ah, seu ministro: - revelou o homenzinho com
orgulho: - Acabei de construir um auditório, lá na escola, e quero que vossa
excelência o inaugure com um discurso. O ministro desculpou-se. Não lhe seria
possível atender ao convite do diretor da escola de iniciação agrícola. Não
tinha tempo a perder. E, voltando-se para o deputado Echenique, desabafou: -
Ora, seu Echenique! Venho ver “plantations”, e querem me mostrar um cenáculo,
uma academia, um !”Petit Trianon” nas selvas! Positivamente, não é possível,
com a praga da literatura, fazer-se agricultura neste país!
Abelardo
Romero
Obs.
Foi mantida a grafia da época e, excepcionalmente, o texto foi copiado, ao
invés de recortado do jornal, em face da má qualidade da impressão.
Lamentavelmente, os jornais com as crônicas de números 91 e 92 foram
perdidos.
ANIVERSARIANTES
do MÊS
Parabéns!
Paulo Alves Teixeira 03
Eric Mariosa Romero 09
Ely Branco 12
Julia M. Chaves 12
Marilene Duarte 22
Maria Lucia Dantas 22
Marcos A Rodrigues 27
PENSAMENTO
DO MÊS
“Quem
encontrou um amigo, encontrou um tesouro”. (Salomão)
A
MELHOR FRASE DA SEMANA
“O
mundo não terá paz, enquanto existir o dinheiro; mas, antes disso, espero que o
dinheiro nunca me falte” (Tim Maia)
A
MELHOR FRASE DO MÊS
“O desejo de ser curado é por si só uma
garantia de saúde”. (Séneca)
O
RISO DE CARLITOS
“Uma
secretária muito gostosa e muito assediada descobriu que poderia perder uma
coisa bem mais preciosa, por trás dos arquivos, do que os documentos que teria
que arquivar.
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13h30, com reprise às quintas-feiras, às
17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet www.tvvilaImperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero.
O
projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-ARTE ABELARDO ROMERO, sempre no primeiro
sábado do mês, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, às 19h, com
entrada franca para os associados e convidados especiais, e ainda oferece,
gratuitamente, pipoca e refrigerante. O projeto, nos mesmos moldes, será
estendido para a Casa de Cultura Cocco Barçante. A próxima apresentação será
lá, mediante convite e acontecerá às 19h do sábado, dia 22 do corrente.
O
endereço é Rua Coronel Veiga, 1734 – Ponte Fones
Em
data que será marcada brevemente, o amigo e confrade ANTÔNIO MENROD, poeta,
escritor e dramaturgo, lançará seu mais recente trabalho literário: - O livro
infanto-juvenil “STELA,PALMAS PARA ELA. Vamos aguardar o sucesso!
ACADEMIA
BRASILEIRA DE POESIA
Foi
emocionante o coquetel de posse dos novos acadêmicos na Casa Raul de Leoni. A
festa, bem concorrida e bem servida, ficará marcada para sempre, sem dúvida, na
vida dos laureados. Parabéns para Giancarlo Kind Shmid, Mary Portugal e, em
especial, para a minha afilhada Iara Roccha.
“Copiei
o poema que guardara dentro de mim, passando-o
para o papel e, desta forma, tornei-me um plagiador de mim mesmo”.
Angelo Romero
O
POEMA DO MÊS
“OFÍCIO”
Carmen
Felicetti
Conter
a explosão
Domar
a flor carnívora
Mudar
Em
pleno voo
A
direção das setas
Mudar
curvas em retas
Esse
O
duro ofício
Da
vida!
Este
poema foi extraído de seu livro “Perfil do Vento”
Carmen
Felicetti é membro das Academias Brasileira de Poesia e Petropolitana de
Letras.
SURPRESA
Angelo Romero
O amor é como a chuva:
- Como chuva de verão.
Chega sempre de surpresa,
Inundando um coração!
A CRÔNICA DO MÊS
O CARNAVAL DOS SEM ROSTO
Angelo Romero
Quando eu era criança tinha pavor dos
“BATE-BOLAS” (creio que era este o nome da fantasia). Vestiam uma roupa de cetim colorido e
mantinham a cara coberta por um capuz. Apenas os olhos e a boca ficavam à
mostra. Carregavam um pequeno cabo de madeira, com uma bola amarrada com um
barbante em uma das extremidades. O divertimento desse folião era o de bater
com a bola nas costas das pessoas. Não chegava a machucar, mas incomodava. E
porque eles cobriam o rosto? Para que não fossem reconhecidos, claro, pois se
não estivessem incógnitos, por certo não teriam coragem para executar este tipo
de brincadeira. Era de certo modo uma brincadeira inocente. Porém, o que punha
medo nas crianças era o fato de não ver a cara do folião. Os tempos mudaram e
não sei se ainda existe o folião fantasiado de “Bate-Bola”. Já não o vejo a um bom tempo.
Hoje, trilhando a tal da “feliz idade”,
(termo criado para amenizar os transtornos da velhice), voltei a ter medo dos
encapuzados. Não é apenas medo, é pavor e preocupação. A fantasia mudou de
nome: O “Bate-Bola” passou a ser denominado de “Black bloc”, um nome pomposo
para usarmos no que me parece ser, atualmente, a nossa primeira língua. Seria
normal que fossem denominados por baderneiros, mas o nosso “complexo de
vira-latas”, como escrevia o saudoso Nelson Rodrigues, teria que se manter em evidência. Afinal ,
somos ou não somos do terceiro mundo? A mídia é a primeira a nos lembrar disso.
Vejam: grande parte das crianças no período escolar costuma ser “sacaneada”
pelos colegas mais velhos e mais robustos.
Mas hoje, esta mesma criança franzina sofre de “bulling”. Mas vamos reconhecer: a palavra “bulling” soa
melhor do que “sacanagem”.
Mas, voltemos aos “Black bloc”. A ação destes perigosos delinquentes é bem
diferente da ação dos “Bate-Bolas”. Transformaram uma brincadeira inocente em vandalismo. Porém ,
o espírito da coisa é o mesmo, ou seja, o de fazer encapuzado o que não teriam
coragem de fazer de cara limpa: agredir pessoas, emporcalhar a cidade e
destruir bens públicos, incendiando veículos, quebrando cabines telefônicas,
caixas eletrônicas de Bancos, vitrines de estabelecimentos comerciais e tudo o
mais que encontram pela frente. Ao final da baderna o prejuízo é incalculável!
E quem paga? É a sociedade num todo. E o mais grave de tudo é que alegam que
esse tipo de vandalismo irresponsável e criminoso é a forma que encontram para
protestar sobre algo que não concordam. Como
exemplo, posso citar a vitrine de uma loja de calçados é destruída, ou um
automóvel velho de um humilde trabalhador é incendiado em virtude do aumento de
20 centavos na passagem dos ônibus. Não é incrível?
Concluindo: defendo que as autoridades deste
país não deveriam esperar por um ato de vandalismo para prender o vândalo. A
prisão deve ocorrer só pelo fato do possível baderneiro mostrar-se encapuzado. Evitaria
o prejuízo aos bens públicos e inibiria qualquer ato criminoso. Já se está
pensando numa lei específica para punir o encapuzado. Leis no país, por sinal,
existem para quase tudo. O mais difícil é fazer com que elas sejam cumpridas.
Você, caro leitor, que é discriminado por ser negro ou pobre, acredita em
nossas leis?
FILOSOFANDO
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 24/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
90º
PIADAS
Quem
quiser topar com o sr. Benedito Mergulhão, depois do almoço, não o procure no
Palácio Tiradentes, mas no Café Amarelinho. Lá está ele todas as tardes,
sentado à mesma cadeira, em torno da mesma mesa, cercado dos mesmos amigos.
Sabem da última? – perguntava ali, ontem,
o deputado, afiando a sua terrível língua: - Um sírio de São Paulo acaba de
revelar a um eminente patrício, na cidade de Damasco, a imensa prosperidade e o
imenso prestígio da colônia síria no Brasil: “Dominamos em tudo – disse ele –
Na economia, nas finanças, na política, na administração pública, no parlamento
e até na poesia.”!
- Quem é o presidente da República? –
perguntou o eminente sírio.
-
Vargas – respondeu o sírio de São Paulo – Oh – fez o outro, bastante
decepcionado – Um estrangeiro!...
*O
PROFESSOR Wanderley Curio recordava,
ontem, uma visita que fizera a Vila Isabel, quando prefeito, o venerável
Olimpio de Melo.
- Na véspera, pela manhã, fui ao vigário
da Vila, um piedoso italiano, e encomende-lhe uma missa campal na Praça Barão de
Drummond. “Ma Wanderley, chesto non é possibile!” – exclamou o vigário no seu
italiano corrompido pela gíria da Vila – Se eu faço missa campale para
prefeito, tenho que fazer uma PROCISSON para Xetulio, Non é possibile.
E não celebrou a missa campal do padre
prefeito. **
Já descobri a causa de todo o êxito, na
vida pública, do Adamastor Magalhães – revelou-nos, há pouco, o sr. Rubem
Cardoso, eterno suplente do sr. Hugo Ramos filho, vereador do Capitão Luís
Novaes - Sempre que um cavalheiro lhe tira o chapéu, na avenida e lhe faz a
clássica pergunta: - Como vai? – Ele também tira o chapéu, mas responde de uma
maneira diferente. Ainda há pouco, ao atravessarmos, a pé, a avenida, ouvi onze
vezes este curtíssimo, mas
proveitosíssimo diálogo:
-
Como vai o Adamastor? – Com o governo.
***
PARECE
a doce Ligia Lessa não está mais disposta a desempenhar na vida sensorial, o
papel de Diana Caçadora. Substitui o “tailleur” pela blusa feminina. Arranjou
os cabelos cor de cobre num penteado ”coquete”. Na sua bolsa, onde outrora
brilhava um mimoso revólver, encontra-se agora um jogo de baton, rouge, pó de
arroz, pente e espelho. Respeitada por todos e até temida, por alguns, é
natural que ninguém lhe faça perguntas sobre sua vida interior. Uns admitem que
ela, como toda mulher, tenha sido, afinal, atingida pela seta de Cupido.
Outros, porém, não o admitem.
- Não acredito – dizia, ontem, um vereador
a outro – Ligia não vibra a não ser pelo bem público. Não arde dentro dela a
chama do amor.
E outro, citando Petrarca:
“CHIUSA
FIAMMA É PIU ARDENTE”.
Abelardo Romero
Obs. Foi mantida a grafia da época e,
excepcionalmente, o texto foi copiado, ao invés de recortado do jornal, em face
da má qualidade da impressão.
AVISO
IMPORTANTE
Existem
boas vantagens para você, amigo leitor, associar-se ao “Centro Cultural -
Teatro e Cinema Abelardo Romero”.
A
primeira delas é que você não terá custos, só benefícios. Basta que nos envie
seus dados pessoais: nome completo, telefones (fixo e celular) data de
aniversário e um retrato ¾ para a carteira social. Para quem sabe trabalhar com
o computador, basta enviar uma foto por e-mail. Caso contrário, envie a foto
pelo Correio. O endereço completo nós já temos, claro. Lamentavelmente percebo
que a tal foto tem se constituído no maior problema. Basta interesse e boa
vontade. Sem o número de registro e a carteira social você não será aceito como
sócio. O cine-clube arte Abelardo Romero já é um sucesso. O associado terá
direito a assistir os melhores filmes do mundo, com pipoca e refrigerante
grátis, duas vezes por mês, além de outras vantagens. Informe-se. Brevemente a
exibição dos filmes será exclusivamente para associados. Por ora, enquanto
aguardamos os retratos, estamos emitindo convites especiais. Sua presença será
muito importante, assim como o seu apoio ao nosso espaço cultural. Parabéns
para as amigas Mirela e Regina González, que foram as primeiras a atender a minha solicitação.
Atenciosamente,
Angelo Romero
AMIGO
LEITOR: APOIE QUEM NOS APOIA
ANIVERSARIANTES do
MÊS
Parabéns!
Florisbela
Nascimento 18
Helena
Lobo Mazzi 20
Regina
Carrilho 22
Sandro
Kapps 22
Gladys
Barrientos 22
Affonso
Romero Dantas 25
Enelly
Casamasso 28
PENSAMENTO
DO MÊS
“Quem quer tudo o que vê, não vê o que quer”.
(Casa Castel)
A
MELHOR FRASE DO MÊS
“As
nuvens que cobrem Petrópolis sofrem de incontinência urinária”. (Angelo Romero)
A
MELHOR FRASE DA SEMANA
“O homem que pensa somente em viver, não
vive”. (Sócrates)
O
RISO DE CARLITOS
“Uma
loura consegue emprego de manobrista num Shopping. O cliente chega e ao pedir o
carro, diz: O Celta preto. A loura responde: É verdade... Eu acho que vai
chover”.
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, agora em novo horário: às 13h30, com reprise
às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em
Petrópolis poderá assistir através da Internet www.tvvilaImperial.com.br
Produção, direção e apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e
entrevistadora Ivone Sol. A equipe de produção conta também com o escritor,
historiador e fotógrafo, Almir Tosta.
O
projeto de Angelo Romero, CINE-CLUBE-CULTURA acontecerá sempre ao primeiro
sábado do mês, no Centro Cultural Cine-Teatro Abelardo Romero, às 19h, com
entrada franca para os associados e convidados especiais, e ainda oferece,
gratuitamente, pipoca e refrigerante. O projeto, nos mesmos moldes, será
estendido para a Casa de Cultura Cocco Barçante, sempre no último sábado do
mês, mediante convite.
Em
data que será marcada brevemente, o amigo e confrade ANTÔNIO MENROD, poeta,
escritor e dramaturgo, lançará seu mais recente trabalho literário: - O livro
infanto-juvenil “STELA, PALMAS PARA ELA”. Vamos aguardar o sucesso!
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
O
POEMA DO MÊS
SIGO
Gustavo
Wider
Sigo
Falseia
o chão sob meus pés
Mas
mesmo assim eu sigo
Sei
do abismo que me aguarda
penso
em voar fugir correr
porém
prossigo
Tento
quebrar o ritmo do tempo
fechar
os olhos retroceder
mas
não consigo
Quero
rezar... em vão
e
sou condenado pelas preces
que
eu não digo
Este
poema foi extraído do livro “Portas Abertas”
A
CRÔNICA DE MÊS
Novo Ano, Vida Nova
(Angelo Romero)
Encontrei
o Deoclécio, amigo de infância. Fazia tempo que a gente não se via. Nunca tive coragem de tratá-lo pelo nome.
Sempre o tratei por Déo e ele nunca se incomodou. Déo não era anão, mas penso
que manteve a altura de quando era criança. Sempre foi magro e de fisionomia
miúda. A cabeleira era de poeta: vasta e cheia. Chamava a atenção. Bem mais por
estar em desacordo com a formação do esqueleto, do que pela fartura do cabelo.
Logo a princípio, pensei que havia encolhido com a idade. Porém, pouco tempo depois
percebi que era porque estava careca. Déo sempre foi um cara honesto,
inteligente , prestativo e orgulhoso. E o melhor, nunca me pediu nada
emprestado. Só não era um perfeito modelo pra ser tratado por amigo, devido ao
seu pessimismo. Não chegava a ser um mal humorado de carteira, pois conseguia
rir da própria desgraça. Desventura, melhor dizendo. Da desgraça dos outros
costumava se consternar e jamais eu o ouvi falar mal de quem quer que seja. Nem
de político. Porém, apesar das citadas qualidades, eu passei a evitá-lo. Sou um
pára-raios. O negativismo de amigo me põe pra baixo. Talvez Déo tenha percebido
que eu procurava evitá-lo, pois, de uns tempos para cá, deixou de me procurar
também. Aquele encontro foi inevitável, pois costumávamos frequentar a mesma
farmácia. Farmácia, hospital, cemitério e missa de sétimo dia, são locais e
ocasiões em que às pessoas idosas mais costumam frequentar. Olhei para o balcão
e fiquei a calcular quem dos dois estaria gastando mais dinheiro com a
quantidade de remédios pedidos ao atendente. Optei pelo empate. Enquanto a
quantidade de remédios que eu havia pedido tivesse sido maior, a conta do Déo
foi um pouco mais cara.
Se
quando mais jovem ele já era uma pessoa amarga e pra baixo, agora, com a idade,
deveria estar no último degrau. Entretanto, até para minha própria surpresa,
tomei-me de curiosidade e procurei conferir seu estado d’alma.
-
Como vai a família? – Perguntei. – Família, que família? Morreram todos e só me
resta um primo que mora em Piabetá. Conhece Piabetá? É tão distante e mal
localizado que nem e-mail chega por lá.
- E
de saúde, como vai o amigo? Déo, ao invés de me responder, mostrou a conta que
teria que pagar no caixa. – Tá precisando de todos esses remédios? Pergunta
cretina, merece resposta cretina. – Não – começou a me responder. Costumo
estocar remédios para o futuro. Elogiei o sapato que estava calçando. – Belo
sapato! – Gostou? É muito elegante! – Quer pra você? – Por que, não gosta dele?
Está apertado e me fez um calo filho da...
E a literatura, como está? Continua a escrever? Vou publicar um livro no
ano que vem. – Enfim uma boa notícia, mas apelei: - Mas o ano está começando
agora. – Eu sei, mas até eu acabar a revisão... Pensei em tocar em assuntos não
menos relevantes, mas me lembrei que ele era vascaíno. – E as mulheres? – Estão
por aí. Eu as vejo sempre que saio de casa. Elas é que não conseguem me ver. De
miúdo e sem atrativo, passei a invisível. – Mas existe sempre um chinelo velho
para o pé doente, não sabe? – Sei, mas este chinelo está viajando e só volta no
ano que vem. – Porque não vai ao encontro dela? – O pouco que consegui juntar
está na poupança. Se der uns bons juros, talvez no início do próximo ano dê pra
viajar. Bem, mas aí eu prefiro ficar por aqui. – Por quê? Porque aí nós vamos
nos desencontrar... Ao pagarmos as nossas contas no caixa, ainda pensei em
fazer uma última pergunta, mas achei por bem não fazê-la. – Então, feliz ano
novo e até o nosso próximo encontro... – Quando será? –Me perguntou Déo. – No
ano que vem, espero.
FILOSOFANDO
Ontem
e Hoje (62 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 19/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
87º
CóDIGO DE VOTAR
O
excesso de leis é prova de máu governo. Já dizia Tácito. E é verdade. Veja-se,
por exemplo, o nosso caso. Quer-se andar pra a frente, neste país; nota-se
mesmo um desejo real de progredir, de criar boas coisas, de promover enfim o
progresso da Nação. O próprio govêrno deseja fazer alguma coisa interessante,
sensata e prática. Mas não a faz. Impede-o de fazê-la o cipoal das leis,
decretos e regulamentos dentro do qual se anularia o mais dinâmico dos
governantes. O ideal, no Brasil, estaria no mínimo de leis, o indispensável
para garantir os direitos do cidadão, definir-lhe a responsabilidade,
cobrar-lhe o imposto e pouco mais do que isso. Sob a égide da lei tudo se torna
difícil no Brasil, inclusive tapar um buraco. Quando um brasileiro desobedece a
lei, contraria um dispositivo qualquer, deixa de cumprir um regulamento, não
atende a uma exigência a tôa , etc., ele não o faz por desrespeito à Justiça,
mas, ao contrário, pelo fato de respeitá-la demais.
Desde
o selo na caixa de fósforo até o código eleitoral, tudo que é fruto da
legislação, seja fiscal ou política, tudo, enfim, deveria ser resumido,
sintetizado, simplificado ou, melhor ainda, desidratado. A lei eleitoral, por
exemplo, deveria não só passar por uma reforma, como, principalmente, por uma
desidratação. Há nela excesso dagua. E água suja, cheia de infusórios
anti-democráticos, o que é mais grave. Deseja desidratá-la o deputado José
Fontes Romero, que para isso elaborou algumas emendas saneadoras do código de
votar. Mas o deputado Castilho Cabral
acha que esse código necessita de mais água, o que importa, sem dúvida, na sua
liquefação.
A
fórmula Castilho consiste em alargar ainda mais o código, metendo nela mais de
duzentos artigos. Inchada, assim, na sua hidropisia, a nova lei eleitoral não
passaria na porta estreita da Constituição, obrigando-a, por sua vez, à passar
por uma reforma.
Quando
se espera uma simplificação legal, eis que nos ameaçam com uma ampliação e,
consequentemente, com nova complicação, base de toda interpretação maquiavélica
contra os direitos do pequeno cidadão.
Chego
às vezes a perguntar a mim mesmo se, em face de tão volumosa reforma, não seria
melhor voltar-mos à eleição a bico de pena. Tinha ela, pelo menos, a vantagem
de não enganar o pobre. Era brutalmente sincera...
Abelardo
Romero
Obs. Foi mantida a grafia da época e,
excepcionalmente, o texto foi copiado, ao invés de recortado do jornal, em face
má qualidade da impressão.
EDIÇÃO
ESPECIAL DE SEXTO ANIVERSÁRIO
ANIVERSARIANTES do
MÊS
MELHOR FRASE DA
SEMANA
“Um pouco de
tolerância, um pouco de bom senso e um pouco de bom humor, e você não imagina
como poderia tornar agradável a sua permanência nesse planeta”. (W. Somerset
Maugham)
A MELHOR FRASE DO MÊS
“No mundo atual está se investindo cinco vezes mais em
remédios para a virilidade masculina e silicone para as mulheres, do que na
cura do mal de Alzheimer. Daqui a alguns anos teremos velhas de seios grandes e
firmes e velhos de pinto duro, mas que não vão se lembrar para que sirvam”.
PENSAMENTO DO MÊS
“Paciência e tempo conseguem mais que força e raiva”
(La Fontaine)
“Uma semana depois do casamento, o casal vai ao
médico. A mulher fica na sala de espera enquanto o marido entra no consultório.
– Não sei o que está acontecendo, doutor – diz o jovem – os meus testículos
estão ficando roxos. O médico examina e manda a esposa entrar. – A senhora está
usando o diafragma que recomendei_ - pergunta o médico. – Estou sim – responde
ela. – Que geléia a senhora está usando? – De uva – responde a mulher”.
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, agora em novo horário: às 13h30, com reprise
às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em
Petrópolis poderá assistir através da Internet www.tvvilaImperial.com.br
Produção, direção e apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e
entrevistadora Ivone Sol. A equipe de produção conta também com o escritor,
historiador e fotógrafo, Almir Tosta.
Encerrando
suas apresentações este ano, no próximo dia 07, sábado, a partir das 19h, Ivone
Sol estará promovendo mais uma edição de seu projeto “Sarau Poético Noite
Ensolarada” na Casa de Cultura Cocco Barçante, Além de algumas atrações já
confirmadas, Ivone espera contar com a participação voluntária dos convidados.
O evento é composto de recital, música e cenas teatrais. A confraternização de
fim de ano será, por certo, um motivo a mais para o sucesso. Devido ao pequeno
espaço, os convites serão limitados e estão sendo enviados, por Ivone, através
de e-mails e do Facebook.
Em data que será marcada brevemente, o amigo e
confrade ANTÔNIO MENROD, poeta, escritor e dramaturgo, lançará seu mais recente
trabalho literário: O livro infanto-juvenil “STELA, PALMAS PARA ELA”. Vamos
aguardar o sucesso!
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
POEMA
DO MÊS
“REPENTE”
João
Roberto Gullino
Se
era errado o momento tão sublime,
que
o tempo carregou, maldoso, embora,
sem
adeus, sem sorriso, sem demora,
ficou
o dissabor que tudo exprime.
Se
era pecado, ao menos, bem redime
saber
que sucumbiu antes da aurora,
para
o ontem mascarar com ar de outrora,
sem
que duma “mea-culpa” se aproxime.
Se
era assim leviano, não valeu
a
mágoa que ficou bem evidente,
ranço
que o tempo dissolveu.
Se
era imprudência, então, patente
o momento
fugaz em que teceu
as
malhas do que foi puro repente.
A CRÔNICA DO MÊS
O
ÚLTIMO NATAL EM QUE FUI INTEIRAMENTE FELIZ
Angelo Romero
Eu atravessava uma das fases mais delicadas
do homem. É aquela em que já não podemos ser classificados como adolescente,
mas que ainda não estamos prontos como adulto. Na verdade, estamos a caminho de
prestar o vestibular para nos tornemos homem, com H maiúsculo. Abandonamos os
bancos escolares, e o lanche em casa passou a substituir a merenda. O cigarro,
mal da época para o rapaz que ainda não tinha as informações que existem hoje,
era fumado às escondidas. Naquele tempo, só, provavelmente, os “filhinhos de
papai” sabiam o que era mesada. Nós pobres, ou mesmo de classe média, não
tínhamos esse direito. Vai daí, o sonho alimentado a cada vinte e quatro horas,
do primeiro emprego. Aquela graninha que nos daria o direito de comprar
cigarros e pagar o cinema da namorada ou para que pudéssemos alugar uma mesa
num baile do clube do bairro e pedir, com pose, ao garçom, uma dose de
Cuba-Libre, a bebida da moda.
As famílias respeitavam, bem mais que hoje,
as tradições do Natal. Podíamos até sair para namorar, mas antes da meia-noite
teríamos que estar em casa, ao lado de nossos familiares. E ai de quem não
chegasse a tempo.
Naquele tempo havia também a tradição de só
abrir os presentes no dia seguinte, após o café matinal. Talvez para criar
maior expectativa entre os adultos; talvez para prolongar na criança a crença
da existência do Papai Noel, sim, pois este deveria entrar pela chaminé,
durante a madrugada, ou, se não tivéssemos chaminé, teríamos que colocar nossos
sapatos na janela para que o bom velhinho deixasse neles os nossos presentes.
Minha casa não tinha chaminé, meus sapatos já não estavam mais na janela, e a
mais doce ilusão de minha infância eu já a tinha perdido.
Naquela altura da vida eu já conhecia o meu
Papai Noel e era por ele que eu estava esperando com tanta ansiedade. Ele não
chegaria numa carruagem puxada por Renas. Era real e pobre, viria de bonde.
Papai era jornalista e como redator-chefe, teria que conferir as matérias antes
de mandá-las para as impressoras, na oficina. Se fosse encantado, como o Papai
Noel do Pólo Norte, chegaria a tempo, mas era humano, humano e jornalista. Se
conseguisse chegar antes da meia-noite, seria um milagre.
Naquela noite de Natal, o milagre aconteceu.
Papai não só chegou antes da meia-noite, como não esqueceu do que eu mais
queria ganhar naquele Natal: um jogo de camisas e uma bola oficial de futebol
para o time que eu havia criado no bairro. Naquele momento eu senti uma
sensação deliciosa. Já não me sentia adolescente e muito menos adulto. Diante
do presente senti, por breve momento, que voltara à minha infância. E não só
pelos presentes que acabara de ganhar, mas, principalmente, pelo brilho de
felicidade nos olhos de minha mãe que, naquele momento, não sabia que o Natal
daquele ano seria o último que passaríamos os três, juntos.
CRONISTA CONVIDADA
Ivone Alves Sol
(Membro da Academia
Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni)
JUSTIÇA FEITA
OU EGOS INFLADOS?
"A
Justiça começa a se fazer", (Fernando Henrique Cardoso). Isso mesmo, palavras
do ex-presidente FHC, ao se referir à prisão dos mensaleiros. Teria ele
condições de falar de justiça com tanta propriedade? Bem, isso não é o que mais
me inquieta neste momento, o que me impressiona é ver como tudo em nosso país
se torna um grande espetáculo. Como tendem a se tornarem heroicas, atitudes que
poderiam ser normais, e seriam se não fossem as conveniências. O “herói” dessa
vez é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. Aquele que “libertará
o Brasil da corrupção”- como li várias vezes nas Redes Sociais. Ah, se fosse
simples assim, se a corrupção se originasse, propagasse e terminasse no
Congresso! Mas não é não. A corrupção não tem ponto de origem e sequer está no
caminho do fim.
A
prisão dos mensaleiros, principalmente dos Josés, Dirceu e Genoíno, para uns é
tida como um marco na história política nacional e, para os políticos de oposição,
uma lavação de alma. O certo é que, o
que mais existem, são egos inflados. A começar pelo próprio Presidente do
Supremo. Na pratica, não acredito em grandes mudanças, muito menos que a prisão
seja a ação mais adequada nestes casos.
Não
sou especialista em política partidária, sequer sou filiado a um Partido, mas
creio que algumas alternativas para se punir um político corrupto, são torna-lo
inelegível, obriga-lo à restituição de tudo que fora utilizado ilegalmente e destituí-lo
de todos benefícios agregados ao seu cargo, principalmente o salário. Tenho certeza que estas ações, aliadas ao fato
de constar em sua história o rótulo de corrupto, lhe serviriam com lições muito
mais eficazes.
Ainda
assim, seriam apenas os primeiros passos de uma grande escalada, pois a
corrupção é muito mais abrangente e, como dizem popularmente, “o buraco é bem
mais embaixo”. São nos campos menores que essa praga se desenvolve e se
fortalece. São também nesses setores, onde ela mais passa despercebida, até por
uma questão de conveniência, do Poder Público e dos cidadãos. Na maioria das
vezes, depende do benefício e do beneficiado. Sem contar, que seu combate não
renderia um grande espetáculo, nem precisaria de um grande herói.
CRÔNICA EXTRA
CONVOCAÇÃO
Angelo Romero (Academia
Petropolitana de Letras)
Estas minhas palavras, prezado leitor de “Opinião”,
são para você que, assim como eu, um dia foi criança também. São para você,
prezado leitor, que precisou crescer, tornar-se adulto, para compreender que
foi na infância, privilegiado pela inocência, que viveu os melhores momentos de
sua vida. São para você que só precisava sorrir e brincar, enquanto seus entes
queridos tudo faziam por você, mas que não lhe revelavam o custo. Que apenas
sabia que era brasileiro e que o verde de nossa bandeira representava as florestas
que teimam em existir.
Que o amarelo transmitia o ouro de nossas riquezas e o sol de
nossa energia; que o azul nos cobria com o céu estrelado, enquanto o branco
representava a nossa paz. São para você,
leitor amigo, que não sabia que a corrupção, através de séculos, corrói nossas
riquezas e que apesar de tudo o Brasil cresce e se agiganta. Para você que não
sabia o quanto existe de corrupção em nossos políticos, em nossa Polícia e,
principalmente em nossa Justiça. Não
sabia que a parte nobre da Polícia Federal desempenha papel preponderante,
investigando e delatando, através de provas
irrefutáveis, o nome das ratazanas que se tornam milionárias roubando dinheiro
público mas que, beneficiadas por hábeas-corpos ou simples arquivamento de
milhares de folhas de processo que vão para o lixo, continuam a roubar e a rir
descaradamente de nossa Polícia que, desprestigiada e impotente, não consegue
colocar na cadeia as ratazanas e principalmente, os juizes e desembargadores
corruptos. E, no entanto, gozando de nossa injusta jurisprudência, põe nas
grades o negro e o pobre que roubou uma caixinha de leite num supre-mercado,
para alimentar o filho doente e desnutrido. Entretanto, deixa em liberdade o
ladrão que roubou a verba da merenda escolar e os medicamentos e sofisticados
aparelhos cirúrgicos dos hospitais públicos provocando, com isso, a má
qualidade de ensino e o caos na saúde.
Estas
minhas palavras são para você, amigo leitor, que hoje conhece o verdadeiro
Brasil, o país que você, quando criança, pensava conhecer. Sim, é para você que
ainda não leu que os Correios, em serviço meritório, acolhe centenas e mais
centenas de cartas de inocentes e carentes crianças que ainda acreditam em Papai Noel. E
é por tudo isso, para que possa prolongar um pouco mais a felicidade de quem
ainda é inocente, que o convoco para uma visita ao prédio do Correio Central de
nossa Cidade. Para que você possa adotar um inocente, atendendo ao pedido de
uma dessas cartas que lá estão esperando por um verdadeiro Papai Noel.
E, finalmente,
é para você, Pedrinho, Joãozinho, Paulinho ou outro nome qualquer que possa ter,
que dedico minhas palavras. Para que você continue a acreditar que Papai Noel
existe e que não é aquele velhinho, gordinho, de barbas branca e sorriso puro, que
vem do Pólo Norte numa carruagem voadora, puxada por pares de Renas. Não, não
é. Seu Papai Noel deste ano poderá estar dentro do peito e virá do coração de
pessoas que, assim como eu, ainda acredita que é através da inocência infantil
que vamos poder conviver com os melhores momentos de nossas vidas. É também que
possamos ter fé para acreditar que, no futuro, nosso gigantesco e belo país,
tão privilegiado por Deus e tão maltratado pelos homens, possa vir a se tornar
no Brasil que pensávamos existir, quando éramos criança.
O
CONTO DO MÊS
O NATAL DO BILUCA
Um conto de Angelo Romero
Foi só no terceiro pingo da chuva, que se acumulara sobre a folha de zinco que cobria seu barraco, que Biluca acordou assustado. Abriu os olhos, passou a mão sobre a testa. Na certa sua mãe ao varrer o chão do barraco no dia anterior, não recolocara seu colchão no lugar certo, distante da goteira. “Sol e chuva, casamento de viúva”. Sim, já ouvira aquele ditado engraçado. E, logo a seguir, um raio de sol espremendo-se, passou pelo orifício e veio ofuscar seus olhos. Sorriu. O domingo deveria ser ensolarado. Se chovesse não haveria o jogo de futebol. Esfregou mais uma vez os olhos e os fixou na direção da parede à sua frente. Ali estava colada a página da revista com a foto de seu ídolo, abraçado a uma linda bola de futebol. Levantou-se para lavar o rosto e esfregar os dentes com uma barra de sabão de coco. Do lado de fora do barraco, sua mãe estendia a roupa num varal improvisado. Pobre não sabe que domingo é o dia da semana reservado para o descanso. Ela percebeu que o filho acordara e, de onde estava, gritou:
- O café está no bule sobre o bujão de gás. Basta acender o fogo para esquentar.
Olhou para o relógio sobre o caixote que servia de mesinha de cabeceira e constatou que estava atrasado. Não teria tempo para cortar o pão dormido e passar um pouco de óleo de cozinha para amaciá-lo como se acostumara a fazer. Se corresse ainda pegaria o café da manhã que era servido para as crianças pobres que frequentavam o oratório do Colégio Salesiano do Jacaré, no Rio de Janeiro, antes da missa das oito. Poderia não chegar a tempo do café matinal, mas se perdesse a missa seria impedido de jogar futebol.
Todos os domingos, às dez horas, padre Vitorino promovia um torneio de futebol entre as crianças, distribuindo-as entre os quatro principais clubes do Rio: Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo. Biluca defendia o Flamenguinho, seu time de coração, como se fosse jogador do Flamengo de verdade. O rubro-negro costumava ser o maior vencedor, graças às qualidades de Biluca, seu principal jogador.
Eram, em média, cinquenta crianças que participavam do torneio. A maioria, oriunda da favela do Jacaré e, as outras, alunos do Colégio Salesiano. O campo de futebol era bem cuidado, porém não possuía as medidas oficiais. Ficava entre o prédio do Colégio e o prédio da Igreja da paróquia de Dom Bosco.
Carlos César destoava das demais crianças. Era um pouco gordo, de pele muito branca, louro, de olhos azuis e de pouca habilidade para o futebol. Costumava ficar na reserva do Flamenguinho. Por seus colegas de Colégio, era tratado por Carlinhos, e pelas crianças da favela, por Gringo.
Padre Vitorino usava o esporte para formar cidadãos. Além de ser um excelente professor de português, procurava usar de psicologia para descobrir e formar líderes. Para cada time, escolhia um capitão. Este costumava ser um líder nato. Biluca era o líder do Flamenguinho. Não só por sua rara habilidade com a bola, como também por gritar e incentivar os demais companheiros. A disciplina teria que ser rígida. A criança que cometia uma falta desleal, considerada grave, era afastada do jogo por dez minutos como punição. Biluca era o ídolo de Carlos César. Se pudesse, ele trocaria sua condição social, pelas qualidades futebolísticas do Biluca. E foram justamente os extremos que os aproximaram e os fez tornarem-se amigos. Nos primeiros torneios, Biluca tratava-o como “Gringo”, mas com o passar do tempo passou a chamá-lo por Carlinhos. Padre Vitorino, observador, passou a acompanhar de perto aquela amizade. Logo percebeu que viviam a trocar valores. Enquanto Carlinhos presenteava Biluca, com pequenas barras de chocolate, antes do início do torneio, Biluca, após os jogos, orientava Carlinhos com chutar uma bola e como executar um drible.
Ao perceber que o par de tênis do Biluca estava rasgado, Carlinhos ofereceu o seu para o amigo jogar. Biluca calçava um número maior e o tênis ficou muito apertado. No domingo seguinte Carlinhos apareceu com dois pares de tênis. Um deles novinho em folha e um número maior do que costumava calçar.
- Pedi para minha mãe comprar um novo tênis e menti para ela dizendo que o meu estava me apertando. Por este motivo, não posso lhe dar o tênis, mas trouxe os dois para lhe emprestar o novo.
Biluca sorriu agradecido e padre Vitorino percebeu o acontecido. Ao final do torneio chamou Carlinhos para uma conversa em particular:
- Admiro a amizade entre vocês e não posso deixar de louvar a sua atitude. No entanto, nada justifica a mentira. Um ato de caridade e prova de amizade deverão vir sempre calcada na verdade.
Depois do conselho, padre Vitorino pediu que Carlinhos contasse para a sua mãe a verdade sobre o tênis e, para reforçar, entregou ao menino um bilhete no qual justificava a atitude do menino, perante a sua mãe.
No domingo seguinte, quando o Flamenguinho estava vencendo o jogo por um placar elevado, Biluca começou a mancar. Pouco depois resolveu deixar o campo para por Carlinhos em seu lugar. Padre Vitorino observou a atitude. Várias vezes tal situação voltou a acontecer, para desgosto dos demais meninos do time. Biluca jamais abdicaria de vencer, para favorecer o amigo, mas sempre que acreditava que a vitória estava garantida, repetia o gesto.
Com a surpreendente ausência de Biluca, num determinado domingo, o Flamenguinho não venceu. Tal ausência gerou não só preocupação, como tristeza. Padre Vitorino, que realizava programas sociais na favela, preocupado, resolveu visitar o menino. A ausência de Biluca não se deu por motivo de doença, felizmente. Ele fôra obrigado pela mãe a entregar a roupa lavada para as suas clientes. A entrega costumava se dar aos sábados, mas, por causa das chuvas, as roupas não haviam secado a tempo.
Para o padre Vitorino, Biluca era um exemplo de criança fadada a ter um bom futuro se tivesse condições de estudar. Era um líder nato e de bom coração. Estava disposto a tentar junto à direção do Colégio, uma bolsa de estudo para o menino. Por saber que seria uma tarefa difícil, decidiu que pagaria a matrícula e as mensalidades de seu bolso, caso não conseguisse a gratuidade.
Em face do grande serviço social que prestava à comunidade pobre da favela do Jacaré, Padre Vitorino conseguiu o que lhe parecia muito difícil: uma bolsa completa para o primeiro e segundo grau, para Biluca, ou seja, para João Menezes da Silva, seu nome verdadeiro. Se sua alegria foi grande, a decepção foi maior.
- Agradeço padre, mas não posso aceitar. Biluca é meu filho único e é com quem eu conto para me ajudar. Se o curso fosse noturno, ainda bem, mas durante o dia ele não terá tempo.
Padre Vitorino não se deu por vencido. Propôs dar aulas particulares ao menino, à noite, se ele quisesse.
Na semana que antecedeu o Natal daquele ano, Biluca mostrava-se triste. Carlinhos percebeu a tristeza do amigo e resolveu saber o motivo.
- O futebol é a minha paixão – começou ele a falar. Eu sei que levo jeito, assim como sei também que para melhorar preciso treinar todos os dias no campinho que tem lá na favela. Há duas semanas que não consigo treinar. Minha velha bola de borracha furou na cerca de arame farpado e eu não tenho dinheiro para comprar outra – completou com voz triste.
Carlinhos lembrou-se dos conselhos do padre Vitorino. Sabia que não poderia mentir para a sua mãe. Lembrou-se também de que ainda não havia feito sua lista de presentes que gostaria de receber no natal.
Na manhã de 25 de dezembro daquele ano, o barraco de número 34 daquela favela foi surpreendido pela visita de um funcionário dos Correios que, através de uma encomenda, via Sedex, por lá deixou uma grande caixa endereçada a João Menezes da Silva. Para que a encomenda fosse entregue, bastava que o destinatário assinasse o recibo. Biluca já aprendera a assinar o nome e sua caligrafia apresentava letras arredondadas e bem definidas. Porém, a emoção prejudicou a boa qualidade das letras.
Biluca poderia vir a ser um vencedor. Poderia vir a ter muitos e muitos natais. Poderia vir a ter poder de compra para satisfazer seus mais caros desejos, mas, certamente, daquele Natal ela jamais iria esquecer. Para uma criança pobre, favelada, ganhar uma bola de futebol profissional e um par de tênis de marca famosa era bem mais que um sonho... Um milagre que só uma grande amizade pode promover.
FILOSOFANDO
Ontem
e Hoje (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 18/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
86º Foot-Ball
O Foot-Ball pode ser um sport, como outro
qualquer onde quer que o pratiquem.Menos no Brasil. Entre nós ele serve, não
para distrair o povo, mas para exaltar-lhe o ânimo, sempre deprimido, tornado-o
em certos momentos, radiante, orgulhoso e feliz. Desde 16 de julho de 50 que o
brasileiro vivia amargurado. Era uma amargura tão indefinível que convinha
mesmo abafá-la no peito como uma humilhação. Lembro-me bem de que um pobre
homem quase apanha num café, naquele anoitecer de 16 de julho, o crepúsculo
mais silencioso na história nacional, só porque entrara sorrindo no botequim. E
o mais extraordinário, naquela cena inesquecível, foi que ele ignorava
sinceramente o resultado do jogo. Chegara da roça. Viera num caminhão. Não
ouvira rádio pelo caminho.
-Estás a rir, ó palhaço? – perguntou-lhe,
furioso, o português do botequim. Devias ter vergonha nas fuças! Hoje é dia de
luto no Brasil.
E era mesmo. Naquela noite nenhuma mulher
se deixou acariciar pelo seu amado. E ninguém pensaria nisso. Tão grande era o
desconsolo, tão profunda era a mágoa coletiva, que beijar a mulher seria um
ultraje à Pátria. Pouco tempo depois um homem deu um tiro noutro. Interrogado a
respeito, desidratado por um espremedor de confissões, nem assim revelou o
motivo pelo qual dera ao gatilho. Foi o goal de Gighia. Não poderia ser outra
coisa.
Se o governo tivesse um bom corpo de
pesquisadores da alma nacional, já teria chegado a evidência deste fato: O
decrescimento de produção, o marasmo na administração pública e o aumento da
criminalidade no país, nos últimos dois anos, resultaram, sem dúvida, da
derrota do team brasileiro no jogo decisivo da Copa do Mundo. Felizmente
vencemos, ante-ontem, no Chile, os nossos queridos irmãos uruguaios. Lavou-se a
alma brasileira em cerveja na madrugada de ontem. Muitas bôcas, há dois anos
murchas, tornaram-se de súbito carnudas, engolindo sofregamente outras bôcas
como essas flores que atraem, engolem e devoram insetos. Desde o operário, no
bairro de São Cristóvão, até o embaixador Ciro de Freitas Vale, em Santiago do
Chile, milhões de brasileiros sentiram ante-ontem, enxugando os olhos, que isto
de ser brasileiro dá um orgulho danado. Graças ao foot-ball.
Abelardo Romero
Obs. Foi mantida a grafia da época
ANIVERSARIANTES do MÊS
Parabéns!
A
MELHOR FRASE DA SEMANA (sobre as espionagens americanas)
“Depois que Obama foi
reeleito presidente dos Estados Unidos, eu pensei que ele fosse um homem negro,
mas não é. É apenas americano”. (Autor Desconhecido)
A
MELHOR FRASE DO MÊS
“Quando criou o Rio de Janeiro, colocando curvas sinuosas
nos morros, imaginando como seria a mulher carioca, Deus pensou que fosse Oscar
Niemayer”. (Eduardo Galeano – escritor
uruguaio)
PENSAMENTO
DO MÊS
“Ser jovem é trazer dentro do coração todo o ardor do sol”.
(Rui
Barbosa)
O
RISO DE CARLITOS
“Certa noite, duas garotas vinham voltando da igreja por uma
rua escura e deserta, quando foram atacadas por dois vagabundos. – Deus – pedia
uma delas -, perdoai-os, pois não sabem o que fazem. – Calma, amiga, disse a
outra – Este aqui sabe”!
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, agora em novo horário: às 13h30, com reprise
às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em
Petrópolis poderá assistir através da Internet: www.tvvilaImperial.com.br. Produção, direção e apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e
entrevistadora Ivone Sol. A equipe de produção conta também com o escritor,
historiador e fotógrafo, Almir Tosta.
Dia
21, quinta-feira, na Academia Brasileira de Poesia, Casa Cláudio de Souza,
apresentaremos, às 19h30, com entrada franca, a leitura dramatizada da peça “Do
sótão, ao porão”, com as atrizes, Déh Tavares, Nélia de Almeida, Luana Ribeiro
e Lucy Pereira. Angelo Romero completará
o elenco e assina o texto e a direção. Espetáculo imperdível!
O
amigo e confrade ANTÔNIO MENROD, poeta, escritor e dramaturgo, pede para avisar
que vem aí seu mais recente trabalho literário, o livro infanto-juvenil “STELA,
PALMAS PARA ELA. Antônio é sergipano, terra de meu pai e admirador da obra dos
Romero, Abelardo e Sylvio. SUCESSO é o que desejamos.
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
O
POEMA DO MÊS
“IMAGEM
ERÓTICA”
Angelo Romero
Uso
a pela que cobre teu corpo
para
escrever um poema com meus olhos.
Mas,
jamais o declamarei em voz alta
para
não quebrar o encanto da imagem.
As
palavras escorregariam do alto de teus morros,
desfilariam
sobre a planície alva de teu ventre
e
ao perder o caminho de volta,
morreriam
afogadas nas margens de teu córrego!
Este
poema fará parte do próximo livro do autor: “Exílio na Serra”, que será
publicado brevemente.
CRÔNICA DO MÊS
O
“Gato” e os Patos
Por Angelo Romero (da Academia Petropolitana de Letras)
Calma, gente! Não vou falar sobre o mundo
animal. Não é minha especialidade. Nos duros anos da mais recente ditadura
militar (jamais usaria a palavra “última”), um amigo comum me indicou um livro
para comprar. – “Corra às livrarias, antes que a censura proíba sua
comercialização” – disse-me ele. Bastou-me esse aviso para triplicar meu
interesse pelo livro. Acontece que a curiosa indicação, já a recebi com certo
atraso, pois, ao procurar o tal livro, este já havia sido retirado das
livrarias. Como costumo ser traça de livro e aconselhado pelo mesmo amigo,
passei a procurá-lo nos “sebos” da cidade do Rio. Minha insistência, por fim, foi premiada e
hoje “Brasil Para Principiantes”, de autoria de Peter Kellemen, escritor de
origem húngara, é um dos mais valiosos entre os mil livros de minha biblioteca.
Mas, por que este livro é tão precioso? – perguntarão vocês e eu respondo:
Porque, apesar de não me considerar um principiante a respeito do meu país,
fiquei impressionado com o conhecimento de um emigrante húngaro, recém-chegado
ao Brasil, sobre os nossos costumes. Com humor satírico impecável, mas sem
nenhum sentido de ofensa, Peter descreve o comportamento do povo brasileiro,
diante das leis, principalmente aquela, não oficial, que permite que o cidadão
comum possa tirar vantagem de tudo. Ainda na Hungria, antes de embarcar para o
Brasil, Peter, para tirar o passaporte, foi obrigado a tomar vacinas. Este fato
foi o que de melhor pôde lhe acontecer, pois o médico francês que lhe aplicou
as vacinas havia morado durante muitos anos no Brasil. Ele lhe falou: “as vacinas são de graça, mas
se quiser alguns conselhos de como viver e se comportar no Brasil, vou lhe
cobrar, e se você me pagar jamais irá se arrepender. O Brasil é o melhor país
do mundo para se viver, mas terá que aprender bem mais que a língua portuguesa.
Terá que saber interpretá-la. Existem códigos quer precisam ser decifrados. O
sim, muitas vezes quer dizer não e o não, na maioria das vezes quer dizer sim.
Assim como todas as proibições não quer dizer que sejam proibidas, nem todos os
direitos do cidadão representarão direito adquiridos”. E daí em diante o médico
francês passou a exemplificar certos códigos de conduta. Resultado: Peter pagou
caro pelos conselhos, embarcou para o nosso país e, pouco tempo depois se
tornou milionário ao aplicar famoso golpe na Praça, conhecido como o golpe do
“Carnê Fartura”. Antes que fosse detido e condenado à prisão, mudou-se para o Paraguai,
paraíso sul-americano dos milionários cuja fortuna advém de meios desonestos.
No livro, escrito e publicado antes do golpe por ele praticado, Peter explica,
nas entrelinhas, porque o Brasil é o melhor país do mundo para o estrangeiro
que por aqui deseja viver. Creio que o fato de ter ficado milionário após ter
ensinado ao povo de como viver no Brasil, foi que fez gerar a revolta das
autoridades da época e, consequentemente a retirada dos livros das livrarias
Ficar milionário no Brasil em face de corrupção e falcatruas, não tem o menor
problema, mas ensinar... Aí já é uma prática abominável!
Apesar de não ter, historicamente, o
privilégio que tem os estrangeiros que resolvem vir morar no Brasil e apesar de
todas as nossas mazelas, não troco o meu país por outro qualquer para morar.
Assim como Peter, conheço e decifro todos os códigos, mas meu caráter me impede
de colocar em prática a tal lei, não governamental, que favorece o povo a tirar
vantagens de tudo. Entretanto, o que mais me dói à alma é saber que o honesto
no Brasil, não só paga os exorbitantes impostos, como é obrigado a pagar um
imposto embutido nas entrelinhas, ou seja; o imposto por ser honesto e fiel
cumpridor dos deveres e obrigações. No Brasil, o justo paga pelo pecador.
Querem um exemplo? Pois muito bem, foi só Dona Dilma, nossa presidente,
autorizar uma redução na conta de luz do povo, que a Ligth, a mais poderosa e
antiga empresa de energia elétrica de nosso país, em parceria com a “Annel”,
agência reguladora de preços, aumentou o preço da conta de luz em 4,68%,
alegando precisar cobrir o prejuízo que tem com os “gatos”, como são chamadas
as fiações irregulares que levam energia elétrica para uma parte da população
que costuma se favorecer através da “Lei de Gerson”, aquela que os favorecem
levar vantagens em tudo.
Cuidado petropolitanos com a Ampla! O mau
exemplo costuma ser imediatamente seguido. Defendo que a honestidade não é uma
qualidade inerente ao ser humano, é uma obrigação. Porém, como dói na alma
pagar por ser honesto no Brasil. Como é doloroso ter que se caracterizar de
Pato, para favorecer os Gatos do nosso querido país!
Ontem
e Hoje (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 17/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
85º
O MAR PARA MINAS
O
único mal do Dr. Getulio está na fé que, talvez sem o querer inspira a todos.
Dessa estranha inspiração emanam, ao mesmo tempo, toda a glória e toda a
desgraça do inclito presidente. Em vão procura ele, agitando os fatos, provar
que não lhe é possível, a esta altura, fazer milagres. De grandes produtores de
borracha passamos a grandes consumidores de “whisky”. Torna-mo-nos, pois,
borrachos. Prova o governante, sempre apoiado em cifras, que produzimos menos
café, menos algodão, menos feijão, menos cacau. Aumentamos o número dos
comedores e diminuímos, do mesmo passo, a quantidade de comida. A sêca, o
carrapato, a lagarta, o caruncho, a saúva, o atravessador, o agiota, o
importador de cadillacs, tudo isso, enfim, impede o presidente da República de
realizar milagres.
Mas em vão. O povo tem fé no Dr. Getulio.
Mas não se trata de uma fé do tamanho de um grão de mostarda, o suficiente,
segundo Jesus, para remover montanhas. Trata-se de uma fé maior, como essa que
está possuída a menina Gilda, de Belo Horizonte. Que espera essa garota de dez
anos que escreve melhor do que certos escritores nacionais? Espera o milagre,
só realizável pelo Dr. Getulio, de fazer chegar o mar até a linda capital
mineira. Gilda gosta do banho salgado. E só poderá tomá-lo, na sua terra, se o
Dr. Getulio transportar para lá um pouco de mar. De preferência
o
mar do nordeste, muito verde e salgado, que é dele que precisa o corpo ainda
insosso de Gilda.
Há vários milagres que o Dr. Getulio
poderia operar em Minas. O primeiro, de ordem financeira, seria o de evitar a
bancarrota de mais de duzentas firmas comerciais no grande Estado do sergipano
Alberto Deodato. Outro, de ordem espiritual, seria o de evitar, para
tranquilidade da família cristã, que católicos mineiros apedrejem de novo seus
irmãos protestantes, como ocorreu há pouco em Congonhas. E há, de certo, outros
milagres a operar. Mas o de Gilda será o primeiro. Sim, não é difícil levar o
mar para Minas. Esse milagre depende apenas da fé no Dr. Getulio. E essa fé, ao
que nos parece, não é do tamanho de um grão de mostarda. É do tamanho daquele
bonde mineiro.
Abelardo Romero
Obs. Foi mantida a grafia da época.
ANIVERSARIANTES
do MÊS
Parabéns!
Iran Rocha 13
Sandra
Anderson 14
Orlinto
F. Lima 14
Débora
S. Tavares 15
Osvaldo
L.V. Affonso 22
Heloisa
Gomes Couri 25
A MELHOR FRASE DO MÊS
“O
mundo estaria salvo se os homens de bem
tivessem a mesma ousadia dos canalhas”.
(Benjamin Constant)
PENSAMENTO
DO MÊS
“As coisas valem pelas idéias que nos sugerem”
(Machado de Assis)
“Já meio entediado, o marido chamou a mulher e contou-lhe que
descobriu uma nova posição para fazer amor. Muito excitada, pois já não
aguentava mais aquela monotonia sexual, a mulher quis saber como era. – Nessa
nova posição, teremos relações sexuais deitados de costas um para o outro. – Os
dois de costas? Como isso é possível? – É muito simples – responde o marido. –
Vou convidar outro casal”.
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TECHCABLE, todas as terças-feiras, às 13 horas, com reprise às quintas-feiras,
às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet: www.tvvilaImperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e apresentadora Ivone Sol.
A equipe de produção conta também com o escritor, historiador e fotógrafo,
Almir Tosta.
A
produtora cultural Ivone Sol convida você para comparecer ao seu projeto “Noite
Ensolarada”, que este mês integra à programação “Outubro Rosa”. O evento
artístico-cultural acontece dia 5 de outubro, às 19 horas, na Casa de Cultura
Cocco Barçante, na Rua Coronel Veiga, 1.734. Além do lançamento da segunda
edição de seu livro de poemas, “SOLvendo Sentidos” e outras atrações, o evento
será em prol da luta contra o câncer de mama. Os convidados deverão trajar ROSA, se possível. Entrada franca.
Eleito
para a Academia Petropolitana de Letras, o amigo e grande historiador Almir
Tosta, tomará posse do honroso título de acadêmico titular no dia 19 deste mês,
às 19h30, na sede da Academia, localizada à Casa Cláudio de Souza, na Praça da
Liberdade, 247. Na oportunidade ele oferecerá um coquetel aos convidados,
quando então lançará seu mais recente livro: “A BAHIA DAS TRADIÇÕES, Mistério,
Mitos e Magia”. Programa de alto nível!
Dia 10 do corrente,
às 19h, no Cine-teatro do Museu Imperial,O acadêmico e colega Gerson Valle
estará palestrando sobre Giuzeppe Verdi, com participação do Coral Municipal de
Petrópolis, sob a regência do Maestro Paulo Afonso. Evento imperdível! Entrada
gratuita
Déh
Tavares, bela e competente fotógrafa, tornou-se a mais recente e valiosa
associada do Centro Cultural e Teatro Abelardo Romero e colaboradora do nosso
“Carlito’s News”
Divirta-se e cresça: assista
teatro; estude teatro.
O
POEMA DO MÊS
“Na
Boca da Noite”
Eu
sinto meu, esse entardecer matizado
Essa
nuvem de gris e dourado, a sorrir
Esse
dia que está por ir, sem ter passado
Esse
estado presente – do verbo sentir
Pressinto
no vento os alaridos noturnos
Não
são taciturnos os movimentos do ar
Esse
cantar distante tem efeito profundo
E,
se toca em meu mundo, eu viro lugar.
E
abrigo o tempo e multo as horas
Que
ousarem ir embora antes de mim
Ou
quiserem pôr fim em meu agora
Porque
o céu se faz meu na boca da noite
E
os açores do Mar despertam em mim
Um
amor singular de todas as cores
Poema
extraído do livro “SOLvendo sentidos” de Ivone Alves Sol, membro titular da
Academia Brasileira de Poesia
– Casa Raul de Leoni.
A
CRÔNICA DO MÊS
“Receita
de Felicidade”
(Angelo Romero)
Imagem do Google
Usando
a matemática para dividir pode não ser prazeroso, mas na literatura, dividir
poderá ser a melhor fórmula de somar. Para tal, bastaria que encontrássemos a
nossa alma gêmea. Poderíamos dividir espaços, as mais fortes emoções, sonhos,
frustrações. Dividiríamos uma bela imagem numa única janela, dores e amores
numa única cama, ou um bom filme num único aparelho de TV. Dividir a audição
numa única melodia, num único poema. Compartilhar a vida a dois é viver
duplamente. A individualidade só se faz necessária para almas desconexas. O
amor exige parceria. É sentimento xifópago. Até a liberdade é compartilhada no
amor. E a grande arte é saber usufruí-la a dois. Só se compreende liberdade
total para o pensamento. E para os
pássaros que não conseguem alçar vôo agarrados um, ao outro. Mas o ser humano
está cada vez mais individualista, como se alma gêmea fosse utopia. Se hoje
três pessoas habitam uma mesma casa, há necessidade que cada um tenha seu
próprio aparelho de TV. O diálogo foi substituído pelo monólogo. Almas gêmeas
não necessitam de muito espaço. Basta um AP conjugado. Tudo em unidade e apenas
duas pessoas e duas escovas de dente: uma rosa, outra azul. Para os risos
frenéticos, algazarras e diabruras das crianças bastaria um filme de Walt
Disney. E para viajar, nada de passaporte. Lar feliz é o único porto seguro.
Com imaginação, variada e rica biblioteca, você poderá dar uma volta ao mundo.
A integração de alma e espírito terá que ser total e a receita está em
afinidade, diálogo e muito sexo. Essa é a minha imagem de felicidade e paz.
Utópica, eu sei, e ao mesmo tempo real. E se você, caro leitor, não encontrou
sua alma gêmea e mesmo assim resolveu casar e deseja preservar seu casamento,
sugiro que mantenha dois endereços: uma para você e outro para a sua esposa,
pois na sociedade moderna camas separadas já não resolvem o problema.
Ontem
e Hoje (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 16/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
84º O Grande Crime
O
maior crime, na minha opinião, foi esse que sucedeu agora em Petrópolis. Começa
pelo lugar. Uma cidade como aquela que é uma grinalda de hortênsias, na alta
cabeça da serra, não podia admitir a consumação, e nem mesmo a premeditação de
crime tão hediondo. O amor, em Petrópolis, tem que ser de acordo com a cidade,
romântico e nobre, ardente e casto, ao mesmo tempo, até a medida do possível.
Tem que ser, sobretudo decente. Talvez seja aquela a terceira cidade do país,
depois de Olinda e São João del Rey, onde um cavalheiro não se torna ridículo,
aos olhos de sua amada, ao espetar na
lapela uma flor silvestre e recitar-lhe ao ouvidinho rosado, ainda mesmo que
ela seja ignorante:
“Amor, che a nullo amato amor, perdona,
Mi prese del costui piacer si forte”.
Dante gostaria, estou certo disto, de ter
amado em Petrópolis. Hoje, depois desse crime, não mais desejaria. E com razão.
Marcos é velho amigo de Romão. Sempre se encontravam, punham-se a tratar de
coisas simples e vagas, como ocorre entre amigos. A carestia da vida, o empate
do Peru com o Brasil, e nada do aumento na fábrica, hem compadre? Convém
esclarecer, desde logo, que ambos são operários. Mais uma razão, portanto, para
que não sucedesse entre tão sujo crime. Vinham eles assim, a tratar de coisa
leves, quando, de repente, Marcos propôs a Romão que lhe emprestasse Arminda,
sua querida esposa. De repente, também, o outro aceitou o negócio. Por trinta
cruzeiros, importância que não dá hoje em dia para comprar um filet mignom,
Marcos descobriria a vergonha de Arminda, como diziam os cronista de El Rey.
Mas nem isso tinha no bolso. Tinha, porém, um relógio de prata, que Romão
aceitou como aluguel de sua esposa.
Estava fechado o negócio. Romão deu corda ao
relógio e Marcos ao coração. O primeiro ouviria agora, na fresca noite da
serra, o tic-tac metálico do cronômetro. O outro escutaria, feliz, a cabeça
dura num seio mole, o doce pulsar de um coração de mulher. E de mulher alheia,
o que é, talvez, diferente. Mas Arminda recusou-se a ser emprestada. Não era
uma vaca, como o marido supunha, e sim uma mulher. Podia não ser linda como
Helena, loira como Isolda, quente como Cassiopeia, nobre como Andrômaca. Era
pobre, humilde, primária e, sendo operária, não podia ser bela. Mas era mulher.
Sim, Arminda é mulher. E tanto assim, que
não se deixou emprestar, provocando uma briga entre o marido e o frustro
inquilino do seu corpo. Ferida no seu orgulho, soberba na sua dignidade, pode
ela agora, desprezando o porco marido, pisar sobre as flores de Petrópolis, na
sua nova virgindade. E merece até uma serenata em louvor de sua beleza moral.
Abelardo Romero
Obs.
Foi mantida a grafia de época.
ANIVERSARIANTES do
MÊS
Parabéns!
Nélia
Geraldo de Almeida 10
Inês
Nunes 14
Lourdes
Ramos 14
Josemias
da Costa Froz 17
Helenice
de Paula 24
Paulo
Sergio Ramos 25
Luzia
de Souza Ramos 27
Iara
Roccha 29
PENSAMENTO
DO MÊS
“Facilitar uma boa obra é o mesmo que fazê-la”
(Maomé)
O
RISO DE CARLITOS
“Durante sua estada no Vietnã, o soldado escrevia cartas bastante eróticas para a mulher, que respondia no mesmo tom. E o negócio foi se tornando cada vez mais violento. Quando já estava chegando a hora de voltar, ele escreveu: Quando eu descer do avião, é melhor que você esteja me esperando com um colchão amarrado nas costas. E a resposta não tardou: Não se preocupe. Farei o que pediu. Mas é melhor que você seja o primeiro homem a sair do avião”.
NEWS
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
TechCable, todas as terças-feiras, às 13 horas, com reprise às quintas-feiras,
às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá
assistir através da Internet: www.tvvilaImperial.com.br Produção, direção e
apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e apresentadora Ivone Sol.
A equipe de produção conta também com o escritor, historiador e fotógrafo,
Almir Tosta.
Catarina
Maul estará autografando “INTENSA”, seu livro de poemas, na Bienal do Livro do
Rio de Janeiro, sábado, às 16h15, no Estande da Oficina dos Editores, pavilhão
verde, nº 21 e espera pelos amigos.
A
produtora cultural Ivone Sol convida você para comparecer ao seu projeto “Noite
EnSOLarada”, que este mês integra à programação “Outubro Rosa”. O evento
artístico-cultural acontece dia 5 de outubro, às 19 horas, na Casa de Cultura
Cocco Barçante, na Rua Coronel Veiga, 1.734.
Além do lançamento da segunda
edição de seu livro de poemas, “SOLvendo Sentidos” e outras atrações, o evento
será em prol da luta contra o câncer de mama. Os convidados deverão trajar
ROSA, se possível. Entrada franca.
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro
O
POEMA DO MÊS
SONHO ERÓTICO
Angelo Romero
Você
não vê e nem percebe o sentimento,
porque
meu pensamento é abstrato.
Mas
congelando toda a imagem da paixão,
então
você poderá ver o meu retrato.
Que
fala mais que mil palavras coerentes
tão
indecentes quanto um amor dilacerado.
Indiferente
é seu olhar sobre meu corpo,
que
não percebe o quanto estou apaixonado.
Se
da palavra à covardia rouba o som,
não
emudece o sentimento em meu olhar.
Sob
o domínio da razão você não vê,
o
que a emoção já não consegue disfarçar.
Você
é sonho que adormece nos meus braços.
Dispo
seu corpo, beijo a carne e sinto o cheiro
e
amanheço enlouquecido de desejo,
e
sem a fronha vejo nu meu travesseiro.
A
CRÔNICA DO MÊS
“O
MELHOR AMIGO DO HOMEM”
(Angelo Romero)
Os
cientistas garantem que sendo o cachorro um animal irracional, não é provido de
inteligência. Vive à custa de instinto, faro e audição privilegiados. Pobres
cientistas que nunca tiveram um cachorro como Rony, por exemplo, que sabia os
dias da semana e adorava posar para tirar retrato, entre outras artimanhas. Não
me trocaria integralmente por um cachorro, mas, se pudesse, trocaria com ele a
minha audição e o meu olfato. “O cachorro aprende certas coisas quando é
adestrado – afirmam os cientistas. Grande descoberta! E o homem, não? Mas Rony,
no caso, nunca foi adestrado e o que conseguiu aprender foi por conta própria.
Conheço muita gente que nem adestrada, ou educada, melhor dizendo, consegue
aprender os bons modos, a respeitar as crianças, a ter paciência com os idosos
e a assistir uma partida de futebol civilizadamente. Não conheço um cachorro
vândalo, nem tampouco assassino. O animal irracional só ataca para se defender
e só mata para comer. De minha parte, como escritor, eu vivo observando o comportamento
humano e analisando minuciosamente, tanto as virtudes, quanto os defeitos e
percebo algumas qualidades no cachorro, por exemplo, que raramente percebo no
homem. Conhece alguém que tenha tempo disponível e a devida paciência para ser
guia de cego? Pois eu conheço um cachorro. Conhece alguém, que não seja seu
pai, ou sua mãe, no qual você possa confiar em sua lealdade, integralmente?
Pois eu conheço um cachorro. E não venham me dizer que o cachorro responde a um
mau trato do homem, com lambidas e afagos por ser um animal subserviente, que
eu não aceito. Dentro do tal instinto de que é dotado, prevalece a compreensão
e o perdão por uma situação desagradável, proveniente de um problema capaz de
transtornar seu dono, por alguns momentos. Quantas pessoas que você conhece que
sejam capazes de ter esse grau de compreensão e de perdão, sentimentos nobres
que induzem, ao agressor, a um outro sentimento tão importante ao ser humano: o
arrependimento!
Assisti a um filme que conta a história de
um casal em crise conjugal. No ápice da crise, resolvem se separar. Antes da
separação, no período das discussões e das ofensas, já dava para se perceber um
diferente comportamento do cachorro da casa. Um dos problemas gerados pela
separação foi com quem ficaria o cachorro. Como não existiu acordo, e ninguém
desejava abrir mão do animal, decidiram tirar na sorte. O marido ficou com o
cachorro. Um mês depois, estava ele devolvendo o cachorro à mulher. “-Pode
ficar com este cachorro ingrato. Por mais que o trate bem, ele não come e vive
se escondendo pelos cantos da casa”. A mulher vibrou, mas o mesmo comportamento
do cachorro se repetiu com ela. Conclusão: decidiram se dar uma nova
oportunidade. Com o retorno do marido a casa, o cachorro voltou a ter o
comportamento normal.
Por um bom período os três viveram felizes.
Tempos depois, as discussões e os desentendimentos recomeçaram. O cachorro, que
já era velho, veio a falecer. A perda foi muito sentida por ambos e só foi
amenizada com a adoção de um novo cão. O extraordinário comportamento do antigo
cachorro fez provocar no casal maior reflexão sobre o desgaste normal de uma
vida a dois. As antigas discussões foram substituídas por diálogos civilizados.
Uma maior compreensão sobre a liberdade e o respeito ao espaço fez retornar das
cinzas a admiração mútua que ambos já haviam sentido, em função dos valores de
cada um, valores esses tão importantes ao ponto de desculpar as fraquezas
inerentes ao ser humano. Diante do respeito, da admiração e do perdão, o amor
não precisou bater na porta para retornar.
E ainda
dizem que o cachorro é um animal irracional...
FILOSOFANDO
Ontem
e Hoje (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 13/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
83º
A Cova dos Leões
Mudou muito a coisa. Da última vez que o vi
na Gaiola, o ano passado, deu-me o Dr. Vital a impressão de um novo Daniel na
cova dos leões. Quase o devoram la dentro, uns eriçando a juba, outros
arreganhando a dentuça, aqueles nobres irmãos da jungla municipal. Agora, ao
voltar ali, foi ele acolhido com palmas. Já não havia leões em cena. Havia
homens civilizados. E a prova de que o eram está em que usaram as mãos para
bater palmas, utilizando-se da boca, a principio para o refrigerante e o
biscoito e,
depois,
para o cochicho ao ouvido direito do prefeito.
No salão nobre, após a solenidade no
plenário, foi o Dr. Vital submetido a ligeiro martírio. Sentaram-no numa
cadeira rococó, obrigando-o a posar para um fotógrafo tcheque. Reagiu ele,
porém, levantou-se e pôs-se a observar o ambiente. A um canto, à pouca
distância, queixava-se a inconquistável Ligia ao Dr. Alim, do mau cheiro
daquela cocheira, na rua Major Ávila. “Ah, doutor Alim, remova aquilo! Pelo
menos o cheiro”. “Sim, dona Ligia – prometeu o secretário de Viação – mas não
com perfume de cocheira...”
O coronel Hiran Dutra comentava, num grupo,
o churrasco de Petrópolis: “No governo Dutra, o Pereira Lira foi sempre
premiado. Agora, na casa do Fasanello, não conseguiu sequer um gasparino”. O
Sr. Gargalhone anunciava, noutro grupo, que no próximo dia 19, aniversário do
Dr. Getúlio, marcharia sentimentalmente sobre o Catete à frente de 1.800
favelados de Benfica. Quando o professor Cotrin discutia com o Sr. Frias
detalhes da nova mensagem do prefeito, recordou-lhes o Sr. Levi que de uma
feita encontrara a diferença de dez centavos nas contas do outro prefeito. O
Sr. Osmar Rezende procurava por toda a parte, inclusive atrás dos reposteiros,
o Dr. Grilo, o único técnico que não comparecera à festa. O Sr. Mario Martins
perguntava paripateticamente a um e a outro, pelo salão: “A maioria dá tudo
agora ao Vital. Que receberá ela em troca, algumas secretarias ou uma nova
coligação?”
Lá em baixo, ao pé da escadaria, conversava
o Sr. Ary Barroso com o Sr. Alfredo Pessoa. O sr. Xavier de Araújo chamava a
atenção do Dr. Angione para os músicos da banda da polícia municipal: ”Outrora
– disse – eles chegavam enxutos, inclusive no tempo chuvoso. Dispunham de três
caminhonetes para a condução. Hoje andam a pé. Oh, como é triste o penacho de
um músico sob a chuva!”
Pouco depois, saia debaixo de palmas o Dr.
Vital. Mudou muita coisa, e até nos detalhes insignificantes: o Dr. Crispim
estava de pince-nez e o Dr. Accioly de colete.
Abelardo Romero.
Obs. Foi mantida a grafia da época.
ANIVERSARIANTES
do MÊS
Parabéns!
Patrícia
Dantas Romero 05
André
Luiz Lacé Lopes 06
Jorge
da Cunha e Silva 21
Sergio
de Medeiros Lemos 22
Paulo
Roberto G. André 23
Marta
L. Silveira Pereira 25
Leda Torres de O. Affonso 30
Leda Torres de O. Affonso 30
PENSAMENTO
DO MÊS
“As coisas valem pelas ideias que nos sugerem”.(Machado de Assis)
O
RISO DE CARLITOS
“Uma bela jovem entrou numa papelaria para comprar um cartão
e perguntou ao balconista: O senhor tem cartão para o Dia dos Pais? –
Perfeitamente e podemos gravar a mensagem que desejar, na hora – respondeu o
balconista. Ótimo, então grave esta: “A quem interessar possa”.
NEWS
Não deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da TechCable, todas as terças-feiras, às 13 horas, com reprise às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Quem não mora em Petrópolis poderá assistir através da Internet: wwwtvvilaImperial.com.br Produção, direção e apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e apresentadora Ivone Sol. A equipe de produção conta também com o escritor, historiador e fotógrafo, Almir Tosta.
No
dia 02 deste mês, a enSOLarada Ivone Sol, entrevistadora do meu programa
“BASTIDORES” e criadora e mantenedora do meu blog, estará completando mais uma
primavera. Os dias nublados desta cidade serrana, já faz parte do passado. A
Bahia nos mandou “SOL”, para aquecer Petrópolis com sua arte. Os parabéns de
“Carlito’s News”.
A
Cia. Teatral Abelardo Romero reiniciará os ensaios da comédia “Se meu Sofá-Cama
falasse” que, possivelmente estreará no TEATRO DOM PEDRO, brevemente.
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
O POEMA DO MÊS
(Abro
o espaço, neste mês, para homenagear dos amigos, agora colegas, que foram
eleitos, por unanimidade, para Academia Brasileira de Poesia).
VERSOS
SEM MIM
(Ivone Sol)
Hoje
eu teço versos de mim
Com
fios dos sins que não dei
Pondo
o talvez depois do fim
Tecendo
assim o que não sei
Não
sei fazer linha com régua
A
métrica não traça destinos
Importa-me
instintos e setas
Faço
às cegas, meu caminho
Se
eu tiver que pousar no chão
Que
seja em porção de vento
Nos
contratempos da estação
Onde
paira meu pensamento
Deixo
aos pés minhas diretrizes
Não
tem raízes se não tem solo
Não
protocolo minhas origens
Mas
busco nelas meu repertório.
ORVALHO
(Robert Sheldon)
Se
ao passear em noite clara, lua cheia,
e
o orvalho vir molhar os teus cabelos,
não
ligue, pra que chorar, é natural.
O
orvalho é a lágrima de uma estrela,
que
solitária chora a dor da uma paixão.
Apenas
ame com seu corpo sensual.
Não
ligue não, pois quando o dia amanhecer
e
os raios do sol espalhar o seu calor,
enxugarão
as tuas lágrimas de amor.
A
CRÔNICA DO MÊS
(Angelo Romero)
Estava
eu desfolhando uma revista, quando me deparei com uma matéria que me instigou a
escrever sobre o assunto. O título do artigo era: A VOLÚPIA COMO GUIA, e o
subtítulo dizia: Acompanhamos um roteiro que passa pelas mais belas bundas do
Louvre. Comentário à parte: “interessante a grafia da palavra “bunda” no
computador – vem sublinhada em vermelho”. Será que é pela mesma importância que
dou a esta parte anatômica do corpo humano? Mas, vamos ao artigo. A matéria, como
se refere o título focaliza as principais obras de arte do período
renascentista. Entre os pintores e escultores famosos, o artigo cita: o pintor
francês Eugène Delacroix, os escultores italianos Lorenzo Bertolini,
Michelangelo, e Antonio Canova, o holandês Adrien Vries, o sueco Johan Tobias
Sergel, o contemporâneo Robert Filliou e muitos outros. Num todo, são obras
fabulosas que devem ser vistas, admiradas e preservadas pois, se comparadas aos
que os “críticos de arte” classificam como esculturas as “obras atuais”, eu me
sento no chão para chorar e imagino quantas reviravoltas dão nas sepulturas os restos mortais de
Michelangelo e de Da Vince, só para citar os mais famosos. Mas, deixemos à arte
renascentista para focalizarmos nossas mulheres nos dias atuais. Fico a
imaginar com que magnitude seriam estas obras de arte dos mestres do passado,
tanto na escultura, quanto na pintura, se estes famosos artistas tivessem
conhecido e tido, como modelo, a mulher brasileira que, diga-se de passagem, já
é famosa em todo o mundo e tornou-se objeto de atração e admiração do nosso
calendário turístico, especialmente por esta parte de sua anatomia. O povo
norte-americano de um modo geral, e o homem, em especial, tornou-se famoso pelo
seu mau gosto. E tal mau gosto se reflete principalmente na maneira de vestir,
de se alimentar e de apreciar o corpo da mulher. Enquanto o americano aprecia a
mulher magra, excessivamente esbelta, o homem brasileiro prefere as mais
carnudinhas e bem distribuídas. Enquanto o seio da mulher tornou-se a parte do
corpo feminino que mais atrai e provoca a libido do homem americano, a bunda
provoca a maior volúpia ao brasileiro. O saudoso cronista Stanislaw Ponte
Preta, assim como o também saudoso e famoso produtor musical Sargenteli, tanto
sabiam disso que, enquanto o primeiro elegia as mais belas nádegas do ano, o
outro ganhava dinheiro apresentando seu famoso show com esculturais mulatas.
Para realçar o mau gosto do homem norte-americano, é bom frisar que sua fixação
pelo seio feminino jamais objetivou suas belas formas e seus esculturais
traçados. Para eles o que importa é a fartura. Quanto maiores, e não importa o
formato, mais provoca sua libido. Talvez isso se dê por um fator traumático,
proveniente da infância mal alimentada pelo seio materno em seus primeiros anos
de vida. O seio da mulher, para o brasileiro, também é motivo de admiração,
porém, nunca foi o tamanho que lhe importou. Por exemplo: o seio em formato de
pêra, ou de manga espada, tanto pode ser volumoso, quanto pequeno, desde que não
seja flácido e caído. Seu bico deve evidenciar certo orgulho, ereto e olhando
sempre para cima. Mas, deixemos o seio de lado e voltemos a focalizar a parte
do corpo da mulher, objeto de maior admiração do homem brasileiro e que é o
tema desta matéria. Para mim, as nádegas sempre tiveram uma importância vital.
Sempre em minha literatura, principalmente tratando-se de crônica, conto ou
peça teatral, costumo citar a palavra “bunda”. Não só pelo que ela representa
pela força da imagem, como pela sonoridade da palavra. A bunda sempre foi para
mim um elemento literalmente forte. Como turista observador, conheci alguns
países: Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Paraguai. Bundas bonitas, bem
traçadas (sentido do formato) e provocantes existem em qualquer parte de nosso
planeta, porém, no Brasil, não só pontificam como são abundantes! Conheci
também quase todos os estados de nossa federação e posso garantir que foi no
Rio de Janeiro, em Porto Alegra, em Salvador e em Vitória do Espírito Santo
onde encontrei, em termos proporcionais, as mais belas mulheres brasileiras.
Mas como nosso assunto trata exclusivamente da beleza da bunda da mulher
brasileira, posso afirmar, sem medo de errar, que não existe outra cidade em
nosso país como Petrópolis, onde esta parte da anatomia feminina se destaca
pela quantidade e pelo formato escultural. Não sei se é efeito da água, os das
ladeiras. O fato é que passeando pela Rua do Imperador, ou 16 de Março, por
exemplo, vira e mexe sou acometido por um torcicolo, diante de tão provocador
desfile. Costumo parar para apreciar melhor e acabo esquecendo do que eu estou
fazendo na rua. E quando vejo uma bunda chapada, do tipo traseira de Kombi, o
que é raro, diga-se de passagem, sinto um impulso de perguntar de onde ela é e
se está na cidade apenas como turista. Petropolitana é que não é. Apesar de
minha idade avançada, continuo a manter uma boa vista e bom poder de
observação. Sei que vou morrer admirando uma bela bunda de mulher e como uma
imensa frustração: a de não ter vindo morar em Petrópolis na minha adolescência
e mocidade, quando então não seria apenas uma fugaz, como etérea admiração.
Seria bem mais que isso.
Obs.
Se você é mulher e classifica esta matéria como licenciosa, das duas uma: ou
está em Petrópolis como turista, ou é uma exceção à regra.
FILOSOFANDO
ONTEM
E HOJE (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 11/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
82º
O Coronel e as línguas
Já
que voltamos a “flirtar” com o Japão, sejamos agora práticos, e não plutônicos,
como da outra vez. As nações, como as mulheres, não se conformam com receber
“bouquets” a vida toda. Gostam de um aperto de vez em quando. Daí brotam os
gordos frutos nas relações internacionais. Sejamos, pois, práticos. Nada de
conquistar o Japão com frases feitas, em inglês ou em francês de diplomatas da
“carriere”, e nem com literatos que lá vão à procura de geishas, , santuários
budistas, “souvenirs” de porcelana e bambu, kimonos de seda estampada, com
crisântemos roxos num fundo negro e estranhas baiúcas onde se bebe sakê.
Conquistemos o Japão, desta feita, com o
coronel Frederico Trota. Encontrarmo-lo, hoje, debruçado sobre alta mesa, a
encher de caracteres ideográficos, com finíssimo pincel, comprida e crespa tira
de papel de arroz.
- Fazendo já seu cartazinho eleitoral,
hem coronel? – perguntamos ao vereador.
Explicou-nos ele, porém, rindo de nossa
crassa ignorância, que aquilo era uma composição, em japonês, sobre as
vantagens das relações do Brasil com o Japão. E, largando o pincelzinho,
deu-nos logo uma lição em japonês, segundo o método direto, com perguntas e
respostas na melhor dicção de Tóquio.
Acha o coronel, e talvez tenha razão, que
lucraríamos muito ao enviar ao Japão brasileiros que ali entendessem com os
japoneses em japonês. Nada de lhes perguntar ”how do you do”? ou comment ça
vá?, e sim, numa doce curvatura de espinha, “I kagadeska?”.
- Quem sabe – perguntou-nos ele,
retomando o pincelzinho, - se não teríamos feito bons negócios comerciais com
os russos, se em lugar de lhes enviarmos um monóculo, um garganta treinada em
inglês pelo método Berlitz e uma outra garganta conservada em “whisky”,
tivéssemos despachado par Moscou um bom brasileiro que soubesse fechar em
russo, bons negócios com os russos?
Esse brasileiro, naturalmente, teria sido
o coronal Trota. Bom soldado, bom cidadão, católico praticante, foi ele um dia
chamado ao Catete. Muito embora se utilizasse pouco da própria, o general Dutra
sempre dera a maior importância à língua. A qualquer língua. aliás.
- Coronel, - disse o presidente da
República ao Sr. Trota, - prepare-se. Vou nomeá-lo “attaché” militar na nossa
embaixada em Moscou.
O coronel tratou imediatamente de
arranjar um russo branco, comprou uma gramática da língua russa, dicionário em
russo-alemão e alemão-russo, e danou-se a mastigar a língua de Pedro, p Grande.
Bem mastigada a língua, tratou então de mandar fazer duas belas fardas para
épater patrioticamente o moscovita. Estava o coronel afiado, da língua até os
pés, para exercer com espírito prático a função de “attaché” , quando eis que,
lá em Moscou, o ajudante do nosso monóculo perturba-se um pouco, cheio de
vapores, e resolve quebrar uma jarra num
hotel do governo russo. Bastou isso para impedir a nomeação do coronel Trota.
Espera ele agora ir para o Japão. E para isso começa a falar japonês.
Abelardo Romero.
Obs. Foi mantida a grafia da época.
EDIÇÃO
ESPCIAL EM COMEMORAÇÃO AOS 77 anos DE ANGELO ROMERO
ANIVERSARIANTES
do MÊS:
Parabéns!
Angelo
Romero 05
Iracema
Reis 11
Aldeir
José Xavier 20
Mirian
Mota C. Antunes 22
Denise
Ribeiro Alves 23
Margarida
S. Siqueira 25
Paulo
Carneiro 30
Aloysio
Argollo Nobre 31
Obs. Comunico, apenas, as datas dos aniversariantes que são associados do Teatro e
Centro Cultural Abelardo Romero.
PENSAMENTO
DO MÊS
“O
homem que pensa somente em viver, não vive” (Sócrates)
O
RISO DE CARLITOS:
“Esta
foi a festa mais enfadonha de que estou participando. O Sr. concorda? –
Plenamente. O senhor está com toda a razão. Ainda não fui embora porque sou o
dono da casa – respondeu o outro”.
NEWS:
Não
deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19 da
Techcable, todas as terças-feiras, às 13 horas, com reprise às quintas-feiras,
às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Produção, direção e apresentação de
Angelo Romero e com a poetisa, atriz e apresentadora Ivone Sol. A equipe de
produção é composta ainda pelo escritor e músico Fernando Garcia, e o escritor
e historiador Almir Tosta, no apoio logístico.
Divirta-se
e cresça: assista teatro; estude teatro.
Obs. Por se tratar de uma edição especial, deixamos de publicar as colunas referentes às Academias: Petropolitana de Letras (Christiane Michelin) e Brasileira de Poesia (Catarina Maul)
O
POEMA DO MÊS
Gerson Valle
ESTIGMAS
DE LÁZARO
Após
ser
ressuscitado
Lázaro
assustou
a sua turma
e
foi viver isolado.
Depois
ficou
se intrigando
nalguma
assombração do passado,
nada
correspondendo à transição que passara
além
dos muros de seus passos
Pensou
se
não devia morrer de vez
como
a vontade transitória
das
pequenas vicissitudes do dia
tão
distantes do que já sabia.
Calou-se
para
não reencontrar sempre
a
dúvida e a mágoa de toda gente
não
querendo aceitar
dele
já ser diferente.
Gerson
Valle é membro titular das Academias Brasileira de Poesia e Petropolitana de
Letras.
CRÔNICA
DO MÊS
PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR
Angelo Romero (Academia Petropolitana
de Letras)
Ah, como eu gostaria de perguntar a um
cientista, profundo especialista em “genes” e “DNA” o seguinte: Será que o ser
humano, ao ser formado, ainda na condição de feto, já vem com o estigma de
assassino, ou de vândalo? Eu custo a acreditar. Que possa vir como artista,
escritor e poeta, eu acredito. Afinal, somos fruto de quem nos fecundou. Na
verdade, eu não posso admitir que um bebê, que nasce vendo tudo em preto e
branco, que não sabe onde está e o que está fazendo neste mundo, já nasça com o
desejo de destruir e matar. Logo um bebê que se alimenta do leite materno que
vem do que há de mais puro na face da terra: o seio de quem lhe deu vida.
Antes de a ciência descobrir os genes e o
DNA, quando então tudo era explicado em função do sangue, talvez possa ser mais
difícil responder a esta pergunta. Hoje, todas as mulheres e algumas levadas
por um momento de fraqueza engravidam, mas já conseguem saber quem as fecundou
e o homem já não pode negar a paternidade. Uma esperança para a vítima maior: a
criança. A medicina, por sua vez, está descobrindo o tratamento preventivo para
certas doenças, com auxílio do embrião humano. Creio até que Deus já está
ficando preocupado com a futura superpopulação no espaço que ele criou. Mas
como Deus é onipotente poderá, se bem o entender, num passe divino de mágica,
aumentar a circunferência do globo terrestre sem que nos dê conta disso. Será
uma forma divina de implantar a reforma agrária, coisa que o ser humano,
corrupto, não consegue.
Na Idade Média podia-se morrer devido a um
simples resfriado. Hoje, felizmente,
para certas doenças que antes eram consideradas mortais, já existe esperança de
cura. Porém, no Brasil, pode-se morrer prematuramente devido a um tratamento
errado ou ao não atendimento pelos hospitais do SUS e ser classificada como uma
morte de causa natural.
Mas, deixando o Todo Poderoso em paz e
voltando ao ser humano, entendemos que quem produz o assassino e o vândalo é a
sociedade. E, como assim? Respondo: Fazendo com que a criança seja fruto de um
berço miserável, que não saiba quem é o pai, que perceba que a mãe tem
comportamento sexual libertino, que ela, criança, seja abandonada ainda na
infância, que passe fome e que durma ao relento. Que veja, por exemplo, um garoto
na rua calçando um tênis importado e de marca famosa, cujo preço parece coisa
oriunda de um mundo de fantasia, ou que carregue um tablet, que nada mais é que
um supercomputador, capaz de caber na palma de uma das mãos. A inveja passa a
ser um dos fatores para o roubo e o crime. Ou melhor, as injustiças sociais e a
falta, em primeiro lugar, de educação e, a seguir, de uma punição adequada. E
este garoto, miserável, vai vendo o exemplo negativo da Justiça e da Polícia
capaz de prender e condenar um irmão por ter roubado um pão para comer, e
perdoar todos aqueles que ficaram milionários à custa do dinheiro público. À
custa dos remédios e dos caríssimos aparelhos dos hospitais, surrupiados por
alguns médicos e funcionários do estabelecimento hospitalar. Outros estão se
beneficiando com parte da verba destinada à merenda escolar, assim como tantas
outras falcatruas piores, como as concorrências públicas ilegais para as
gigantescas obras superfaturadas, para que, com as quais, possam os políticos e
governantes ficar com bom percentual dessas fortunas como comissão. Mas o pobre
tem olhos para ver e o mínimo de compreensão para entender.
Um famoso prefeito do Rio, já falecido,
soltou uma frase que papai na época repórter, jamais esqueceu: “Para os amigos,
tudo; para os inimigos, cumpra-se a lei”.
Agora vem o mais difícil de entender, ou
seja, porque crianças que passaram por todo o tipo de miséria sobre as quais
citei acima, não se tornaram marginais, assassinos e vândalos? Desculpas tinham
para isso. Essa é outra pergunta que ficará sem resposta. Será devido ao fator
DNA? Pois bem, eu tive o privilégio de conviver intimamente durante alguns anos
com uma pessoa (cujo nome ficará no anonimato, por questões de ética) que passou por tudo que enumerei: Os pais o
abandonaram aos cinco anos de idade. A mãe arranjou um amante e se mandou do
Rio para Manaus, trocando o filho por um macho que, presumidamente lhe dava um
bom sexo. O pai, por motivos que desconheço (injustificável), largou a criança
nas ruas. Este menino foi criado por uma prostituta num prostíbulo do Mangue,
no Rio de Janeiro. Resumindo: não tem vícios, nunca roubou nem um pão para
comer, estudou, se formou e foi classificado com ótimas notas num concurso
público, passando a ser admitido como funcionário da Petrobrás, não na
Petrobrás de hoje, mas na Petrobrás que já foi orgulho do nosso povo. Hoje, ao
que tudo indica, estão tentando tornar a Petrobrás numa empresa deficitária,
para que o governo possa, depois, como desculpa, ter que privatizá-la.
Sei quando vou ter todas estas resposta, mas
garanto que não tenho a menor pressa, pois, sei também que quem irá me
responder não faz parte deste mundo.
“Meu
aniversário”
Por Angelo Romero
Eu
nasci ontem, em 05 de julho de 1936. Ontem, sim, porque a vida passa muito
depressa. Nasci na Rua Alzira Valdetaro 56, no pequeno bairro do Sampaio,
subúrbio do Rio. Apesar do berço pobre, tive uma infância muito feliz, porque a
felicidade não está nas paredes rachadas e desbotadas que delimitavam meus
passos, nem nos jardins mal cuidados. Estava dentro de mim. Tive o
imprescindível à vida: toda a família em torno de meu frágil corpo, um coração
saudável para viver, a vitalidade infantil nas pernas para correr e na cabeça
os livros para sonhar. Pra que mais?
Quando
comentei com um amigo (anônimo) que pretendia comemorar meus 77 anos com uma
festa para me ver cercado de pessoas queridas, ele me respondeu:
-
Você acha que ficar velho é motivo para comemorar?
Respondi:
- Não pensei nisso, mas garanto que o fato de estar vivo e mantendo uma
razoável aparência, são motivos mais que suficientes.
-
Você acaba de perder sua última tia, restam-lhe apenas os primos que moram
muito distantes, seu filho único mora em São Paulo e seu neto único, no Rio e
os três irmãos, por parte de pai, também estão bem distantes. Mesmo assim
acredita que sua festa terá sentido?
Respondi:
- Vou completar 77 anos e as perdas fazem parte do ciclo da vida. Além do mais,
acredito que todos que citei estariam presentes se pudessem e tal certeza já me
conforta.
-
Você é um otimista! – rebateu.
-
Nem otimista e muito menos pessimista. Sou realista e é no realismo que
encontro o equilíbrio da vida. E afinal, para que serve a companheira que me
acompanha há mais de 50 anos? E as amizades que procuro conservar? Você seria
capaz de viver sem amigos? – perguntei.
-
Você seria capaz de reconhecer um verdadeiro amigo? – insistiu.
-
Todos – respondi, pois fui eu que os elegi. O fato de não reconhecer um inimigo
já me satisfaz.
-
Conheço bem você e sei de suas qualidades morais e intelectuais. O fato de abraçar
e desenvolver todas as formas literárias e quase todas as expressões
artísticas, sem que tenha ganhado dinheiro com isso nem reconhecimento do
grande público, não lhe é frustrante, não lhe parece um destino injusto?
-
Eu me sentiria frustrado se Deus, meu pai e criador, não me tivesse dado tantas
qualidades. A fama e o dinheiro são
consequências da sorte, faz parte da loteria da vida. Milhares de pessoas
espalhadas pelo mundo, muitas das quais com valores maiores que os meus,
padecem da mesma situação, mas eu não jogo com a sorte, mas me valho da
persistência. O que consegui me basta
para viver. Em meu ciclo de amizades, reconheço pessoas que valorizam meu
trabalho e tão importante quanto isso é saber que vivemos hoje num mundo
virtual e o fato de imaginar que pessoas que não conheço possam estar, à
distância, reconhecendo meus valores, já me deixa feliz.
-
Se em tudo o que acaba de me responder, espelha a sua verdade, conte comigo,
meu amigo. Estarei presente em sua festa.
FILOSOFANDO
ONTEM
E HOJE (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi
publicada em 09/04/1952 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro
81º
DE CASACA
COMO
o sr. Levi Neves surgisse ontem, em cena com mais um terno novo, contou-lhe
este episódio seu colega João Luís:
-
Meia hora antes de sua posse, no Monroe, encontra-se o dr. Cesário de Melo numa
alfaiataria, de ceroulas, a ler tranquilamente a primeira edição de um
vespertino, enquanto lhe passavam a ferro, para a cerimônia, um fraque de
segunda mão.
-
Se isso é piada – comentou o sr. Levi – não lhe alcanço o sentido. Bem, tenho
pressa. Saiamos.
Ao
descer peça escadaria de mármore, de barco com o colega, foi o srt. Levi detido
por um mendigo. O sr. João Luís desceu mais um degrau e esperou. O ex-líder do
general Mendes de Moraes examinou o pobre com seu olho clinico,
diagnosticando-lhe o mal metálico, e, em seguida, tirando do bolso o
porta-níquel, agitou-o no ar, como se fora um caneco com dados, tirou dele uma
moeda, certificou-se bem de seu valor, que era ínfimo, e só depois resolveu
entregá-la, na ponta dos dedos, ao paciente mendigo.
A PROPÓSITO, do sr. Levi – disse então o sr.
João Luís – vou-lhe contar outro episódio. Faz muito tempo, neste mesmo lugar,
foi o dr. Cesário de Melo atropelado por um mendigo. Como não tivesse dinheiro,
na ocasião, o que de resto sempre lhe sucedia, o senador meteu a mão no bolsoe
deu ao pobre um bilhete de loteria que recebera, fazia pouco, de um admirador.
-
Desculpe, meu filho – disse o senador ao mendigo. Leve este bilhete. Venda-o a
outro. São vinte mil reis. Issa dá para você comer.
-
O FATO ocorrera às 14 horas, - explicou o sr. João Luís – e pouco tempo depois,
às 15, saía o tal bilhete premiado com vinte contos. Uma fortuna naquela época!
Que faria o colega nas circunstâncias idênticas? Correria atrás do mendigo,
arrancando-lhe o bilhete das mãos?
-
Oh, não! – protestou, muito ofendido, o sr, Levi Neves – Jamais eu praticaria
um gesto tão deselegante, e sobretudo tão sujo. Mesmo porque eu só daria o
bilhete ao mendigo depois de correr a loteria. Antes, nunca!
CPONTINUAM
a frequentar a Gaiola de Ouro os srs. Sizinio Carreiro, comendador Olindo de
Vasconcelos, Jayme de Araújo, Olindo Sameraro, Rubem Cardoso, Alziro Angione,
Rocha Leão, e Dirceu Quintanilha. Agrupam-se eles, a um canto do plenário,
soprando coisas aos ouvidos uns dos outros. Cochichavam eles, ontem, quando os
interrompeu o sr, Thedim Barreto, ordenança civil do almirante No nô:
-
Se os senhores ouvirem tiros, na manhã do próximo dia 16, por favor não
espalhem boatos. Vasmos fazer exercício de tiro real.
Abelardo Romero
Obs. Foi mantida
a grafia da época.
EDIÇÃO ESPCIAL EM COMEMORAÇÃO A ABELARDO ROMERO
ANIVERSARIANTES DO MÊS DE JUNHO
Pedro Ignácio da Cruz 04
Ataualpa Pereira Filho 07
Suely Vargas 10
Joel França 12
Giovanna Romero França 17
Jorge Rossi 21
Alice Elisabeth Mesquita 21
PENSAMENTO DO MÊS
“Condoer-se dos sofrimentos de um amigo é fácil; difícil é comprazer-se com os seus triunfos”. (Oscar Wilde)
“Entrevistando um bela jovem para uma vaga no escritório, diz o gerente: Parabéns, o emprego é seu – e aproximando-se dela, completa: - E agora, você gostaria de tentar um aumento de salário?
NEWS:
Não deixe de assistir o programa “BASTIDORES”, na TV Vila Imperial, Canal 19, todas as terças-feiras, às 13 horas, com reprise às quintas-feiras, às 17 horas e aos sábados, às 16 horas. Produção, direção e apresentação de Angelo Romero e com a poetisa, atriz e apresentadora Ivone Sol. A equipe de produção é composta ainda pelo escritor e músico Fernando Garcia e o escritor e historiador Almir Tosta, com apoio logístico.
É desejo da Cia. Teatral Abelardo Romero para este ano, se houver apoio publicitário, remontar a comédia-musical “No Sertão do Gonzagão”, e a comédia “A Herança”.
A comédia-dramática, “DO SÓTÃO, AO PORÃO” terá uma releitura dramatizada no dia 19 de julho, sexta-feira, às 19 horas, com entrada franca, na sede da Academia Brasileira de Poesia, Casa Raul de Leoni, à Praça da Liberdade, 247. Reapresentaremos também a comédia “Se meu Sofá-Cama falasse” em data e local a ser anunciado brevemente.
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
O POEMA DO MÊS
Abelardo Romero
ODE A UM CAJUEIRO
Cajueiro
cajueiro,
velho cajueiro em flor
que afundas tuas raízes
na frouxa terra cansada
onde vovô
te plantou
Quando nasci
já eras velho
e florescias na terra
onde vovô
descansou.
Todo janeiro
Floresces.
Eu todo junho
envelheço.
Nosso destino é avesso,
mas igualmente tristonho:
Tu não comes de teu fruto,
nem eu vivo de meu sonho.
Cajueiro,
Cajueiro,
Velho cajueiro em flor,
nenhum de nós é feliz.
Vivemos presos à terra
em que vovô
nos plantou -
Tu preso pela raiz,
eu preso por meu amor,
Cajueiro,
Ó cajueiro,
Velho cajueiro em flor.
Carta para Abelardo Romero, meu pai.
Por Angelo Romero
Meu velho, o senhor partiu tão repentinamente que se esqueceu de me dar seu novo endereço. Portanto, esta carta vou enviá-la com ajuda da Internet, para o Espaço Sideral.
Sei que nasceu em 1907 e agora, no próximo dia 13, dia consagrado a Santo Antonio, você, se estivesse aqui entre nós, estaria comemorando 106 anos. Por gosto de sua mãe, minha avó, seu nome seria Antonio, mas foi batizado como Abelardo porque prevaleceu o desejo de seu pai. Por ter sempre gozado de boa saúde e por seu grande amor pela vida, bem que poderia estar vivo hoje e não seria o primeiro a ultrapassar o centenário. Eu não sei como Deus decide o destino de cada um de nós. Não entendo o porquê de Ele estender o tempo de tantos de seus filhos cujas vidas são extremamente pecaminosas e que estão na terra para roubar, matar, trair e cometer toda uma série de desmandos com o intuito de provar o quanto o ser humano pode ser imperfeito! Será que é para dar mais tempo para que esses se regenerem, ou para não tê-los a sua volta? Se for pelo segundo motivo, eu O entendo perfeitamente. Será que levar prematuramente os bons e inocentes para o tal Paraíso prometido é uma forma de premiar a inocência e o bom caráter? Mas ao castigar os que aqui ficam com ausências tão sentidas, não será um pouco de egoísmo Vossa parte, Deus Pai? Aqui na terra, ter a vida longa e prolongada é, por consenso geral, um privilégio divino. Será? Ou será que nossos destinos jamais foram traçados por um Ser Superior e que a morte e a vida não passam de um sorteio lotérico, hem?
Reconheço que não sou espiritualista como gostaria de ser e que minha fé sofre momentos de pura repressão e reflexão em face das injustiças que sou levado a presenciar. Aos pecadores, ou louros e as vitórias terrestres; aos puros, honestos e inocentes, derrotas e sofrimentos. Vai entender!
Mas todas estas indagações que ficarão sem respostas e todo este longo preâmbulo têm como intuito de lhe dizer, meu pai, que o estádio do Maracanã, foi reinaugurado. Poucas coisas me remetem tanto a você como o estádio do Maracanã que vimos inaugurar, onde assistimos aos jogos da Copa do Mundo de 50 e quando eu o vi chorar pela primeira vez diante de nossa trágica derrota. Algumas medidas estão sendo tomadas para levar o Brasil a integrar o primeiro mundo, ou seja: as cadeiras do estádio foram numeradas para disciplinar e dar mais conforto ao público. No entanto, em vista do preço dos ingressos, o futebol já não será um divertimento para o povão que parece não merecer tanto conforto e modernidade. Será um divertimento elitista, voltado para uma plateia selecionada, capaz de obedecer à nova ordem por ser, presumidamente, mais educada e capaz de pagar ingresso, devido ao seu poder aquisitivo, a preço de primeiro mundo. Já existem bicicletários e pistas para pedestres e desportistas. Acredita? As perigosas favelas já foram pacificadas. Agora fazem parte dos pontos turísticos mais procurados da Cidade, suplantando a procura pelo passeio para ver o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, não é surpreendente? Enfim, estão preparando o Rio, não para o brasileiro, mas para o turista que já está acostumado a ver um mundo educado, moderno e disciplinado. E poucas coisas como o Maracanã me remetem a você, meu pai, volto a dizer, que mesmo tendo nascido no interior de Sergipe, sempre pertenceu, por cultura, educação e respeito à ordem e ao semelhante, a um personagem de primeiro mundo. Até exagero cometeu, pois algumas vezes me fez acompanhar ao Maracanã, trajando terno e gravata, em lugar de short, camiseta e chinelos. Resumindo, estão tentando transformar o Rio numa cidade de primeiríssimo mundo para impressionar o turista, mas não você, meu pai, que mesmo tendo vivido na contramão dos fatos, pautou seu comportamento como pessoa das mais civilizadas.
Mas nem tudo são flores. Bandidos assaltaram um casal de turistas alemães e estupraram a mulher dentro de um táxi em dia claro e, mesmo assim a pobre infeliz foi obrigada a ver estrelas. Imagino que a vítima jamais imaginou levar do Brasil um suvenir tão traumatizante.
Bem, estupro acontece em qualquer parte do mundo, não é verdade? Pacificar uma favela é difícil, porém possível, mas pacificar o sexo é que são elas...
ONTEM E HOJE (60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada) Esta crônica foi publicada em 09/04/1952 no antigo jornal.
Pensei a principio que fosse “camelot”. Era um cavalheiro esbelto, de estatura mediana, metido numa casaca russa, a andar despreocupado pela avenida. Aquela hora da tarde, com tanta gente na rua, só mesmo um grande homem, ainda que curto de corpo, despertaria tamanha curiosidade. Apressei o passo para alcançá-lo, e vi que ele usava chapéu coco, calça listrada, polainas e uma bengala femininamente flexível cujo castão de prata tinha a forma da cabeça de uma serpente assanhada. Vi ainda que ele tinha seus cinquenta anos e costumava frisar o bigode à moda do Kaiser. Como não empunhasse nenhum cartaz, não distribuísse panfletos, não anunciasse coisa alguma, cheguei a conclusão de que não era “camelot”. E, de fato, não era, concordamos todos na rua, numa breve troca de olhares.
Mas, por isso mesmo, porque não fosse um “camelot”, o cidadão fez aumentar ainda mais a onda de curiosidade em torno de sua esguia pessoa. A essa altura, já na calçada do Municipal, detinha-se todo o mundo para contemplar a estranha figura. “Talvez seja um maestro...” admitiu piscando o olho para outra, uma donzela de saia de xadrez, redonda e viva como uma franga carijó. A outra, mais experiente, achou, porém, que o cidadão devia ser diplomata.
- Só mesmo um diplomata – explicou ela – se veste, caminha e pensa dessa maneira. Aposto que vai comprar frisa no Municipal.
Mas o encasacado continuou avenida a fora, na direção do Monroe. Seguiram-lhe os passos, discretamente, umas vinte pessoas, entre elas cinco mulheres. A contemplá-lo à distância, da calçada do Municipal, ficou um grupo compacto e tagarela, a fazer mais esta conjetura: “Será doido”?
Essa conjetura também foi logo afastada. Os doidos, hoje em dia, estão rigorosamente na moda. Vestem-se nos melhores alfaiates, guiam cadillacs, alimentam-se, à noite, de salgadinhos, sacam nos Bancos e dirigem repartições do governo. Depois de prolongada reflexão chegou todo o grupo a um acordo: O cidadão de chapéu coco, casaca ruça, calça listrada e bengala com castão de prata quis apenas provar que o homem (e a mulher também) continua a ser o único animal que para na rua, interrompe o trânsito e adia a solução de problemas urgentes, e tudo isso para contemplar outro homem com o paletó mais comprido do que o dele...
Abelardo Romero.
Obs.Foi mantida a grafia da época.
FILOSOFANDO
Por se tratar de uma edição especial, deixamos de publicar as colunas referentes às Academias: Petropolitana de Letras (Christiane Michelin) e Brasileira de Poesia (Catarina Maul)
Livros do autor Abelardo Romero
A apresentaçãos dos livros não segue a cronologia de publicação
Recortes de Jornais e textos de Abelardo Romero, extraído do Facebook gerenciado por Patrícia Dantas Romero
ANIVERSARIANTES DO MÊS DE MAIO
Parabéns!
Frederico B. da Cruz 04
Sônia Leonel Cabral 06
Marli Angelo 19
Nancy C. Romero Dantas 20
Marina Ramos 23
PENSAMENTO DO MÊS
“As confissões podem ser boas para a alma, mas são péssimas para a reputação”. (Lord Dewar)
“Num curso de matemática para adultos, o professor pergunta: Se um homem vendesse uma dúzia de colares de diamantes a oitenta mil reais cada um e seu lucro fosse 25%, o que ele conseguiria?
A aluna mais bonita e gostosa da classe, respondeu:
- Qualquer coisa que me pedisse”.
- Qualquer coisa que me pedisse”.
NEWS
A estréia do programa “BASTIDORES”, que falará exclusivamente sobre teatro, acontecerá, finalmente, às 13 horas do próximo dia 14 (terça-feira) no Canal 19 TV Vila Imperial, com produção e apresentação de Angelo Romero. A escritora e atriz Ivone Alves Sol fará parte da apresentação e da equipe de produção, que também contará com o escritor e músico Fernando Garcia. O programa ainda terá apoio técnico do Grupo Teatral “Língua de Trapo”, na pessoa da atriz e diretora Iara Roccha, e o apoio logístico do escritor e pesquisador Almir Tosta.
É desejo da Cia. Teatral Abelardo Romero, para este ano, se houver apoio publicitário, remontar a comédia-musical “No Sertão do Gonzagão”, a comédia “A Herança” e estrear a comédia-dramática, “DO SÓTÃO, AO PORÃO”, já apresentada com sucesso em leitura dramatizada. Reapresentaremos também a comédia “Se meu Sofá-Cama falasse”.
A Cia. Teatral Abelardo Romero precisa de novos atores e atrizes. Para isso, vai iniciar este mês o “Curso de Teatro Angelo Romero”. As inscrições já começaram para a turma de 2013. Maiores informações pelo telefone 2245-7260
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
ACADEMIA PETROPOLITANA DE LETRAS NEWS
Por Christiane Michelin
Estreia
Vai ao ar, no próximo dia 14, o 1º programa do confrade Angelo Romero, sobre teatro, na TV Vila Imperial, canal 9, às 14h. Com certeza, vale ficar de olho na telinha!
Força maior
O confrade Arnaldo Rippel, por motivos de força maior, viu-se obrigado a cancelar, na última hora, sua palestra sobre Visconde de Taunay, seu patrono, que aconteceria no último sábado. Pedimos desculpas aos Acadêmicos, mas não houve tempo hábil, nem por parte dele, nem por nossa parte, de avisarmos sobre o incidente – um lamentável imprevisto que, felizmente, não teve maiores consequências. Em breve, um novo horário será marcado e avisado a todos.
Agenda I
O mês de maio nos trará duas ótimas oportunidades de nos encontrarmos. No dia 10, às 19h30, na Casa de Cláudio de Souza, acontece o “bate bola” entre o Acadêmico Ataualpa Pereira Filho, presidente da Academia Petropolitana de Educação e um de seus alunos, sobre o tema de uma de nossas campanhas - “Vamos Salvar a Língua Portuguesa nas Redes Sociais”.
Agenda II
No dia 28 de maio, às 19h30, acontece a esperada Posse do Acadêmico Antonio Menrod, padrinho da última edição da Revista da APL e um dos homenageados na festa dos Prêmios APL do último dia 21.
Agenda III
No próximo dia 15 a diretoria da APL marcará presença na residência de Dom Gregório Paixão, Bispo Diocesano de Petrópolis por conta da impossibilidade do comparecimento de Sua Exa. Revma. à festa da APL, no último dia 21, quando de sua investidura no Quadro de Membros Honorários da Instituição. Em breve, Don Gregório proferirá uma palestra na APL em atenção ao convite a ele feito pelo confrade Fernando Costa.
Agenda IV
A APL acaba de receber a proposta de uma parceria com o Grupo Imbaúba, da Amazônia, que tem à frente o poeta e músico Caldo Barbosa. Em breve, novidades sobre o assunto. Vale adiantar que Celdo estará em nossa cidade no mês de julho. Aguardem!
ACADEMIA BRASILEIRA DE POESIA NEWS
Por Catarina Maul
PALESTRA SOBRE SONETOS NA RAUL DE LEONI
No dia 15 de maio às 19h, a Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni estará realizando mais uma edição do seu Ciclo de Palestras, desta vez privilegiando um estilo poético que detém muitos seguidores, o SONETO.
Com o título “A Arte dos Sonetos”, o estilo será desvendado para a plateia pelo acadêmico emérito, Diretor de Memórias e Pesquisas da casa, João Roberto Gullino.
Apaixonado pelos sonetos e grande colecionador dos mesmos, Gullino, atualmente, dedica-se a catalogar os 100 melhores petropolitanos, na intenção de editar um livro com esse achado. O projeto tem coautoria de Gustavo Wider, outro querido membro emérito.
OS FESTIVAIS DE POESIA E A CHANCE DE CONHECER NOVOS POETAS
Em maio, começam a ser divulgados alguns concursos de poesia na cidade, tendo a Academia Brasileira de Poesia como uma das entidades realizadoras dos projetos.
Sendo a presidente Catarina Maul organizadora por vários anos de alguns desses festivais, é com grande alegria que ela o faz, no presente ano, estando presidente da Academia.
Na próxima semana chegará ao grande público os regulamentos do Concurso de Poesia da Bauernfest – 2013, em parceria com a Prefeitura de Petrópolis, e o Festival de Hai Cai, em parceria com a Bunka Sai – Festa da Cultura Japonesa.
As parcerias são, para a atual gestão da Academia, a maior ferramenta de avanço em todos os sentidos.
O CHÁ POÉTICO DE ABRIL
Aconteceu na sexta-feira, dia 26 de abril, o costumeiro Chá Poético da Academia, recebendo, para um momento descontraído, os membros acadêmicos e eméritos. Durante as atividades rotineiras do chá, na degustação dos produtos patrocinados pelo Empório Multimix, a quem carinhosamente agradecemos, e a leitura de poemas, os rumos anuais da Academia vão sendo traçados, na exposição de opiniões dos membros e de suas contribuições e experiências. Como convidada deste chá, a presença de Marta, umas das responsáveis pela calorosa acolhida das Academias pela Casa Cláudio de Souza.
BASTIDORES
Vem sendo minunciosamente produzida a estreia do programa de televisão sobre teatro do acadêmico Angelo Romero, diretor cultural da atual diretoria.
Com o titulo de BASTIDORES, Angelo Romero, que divide sua paixão literária com a dramaturgia, pretende levar ao público muitos encantos desse grande segmento artístico, presente na Humanidade desde os seus primórdios, razão de viver de muitos.
O programa estreia ainda em maio na TV Vila Imperial.
Aguardamos ansiosos!
A CRÔNICA DO MÊS
“Maio, mês das noivas e das mães”
(Angelo Romero)
Maio sempre foi meu mês predileto. Sendo o Brasil um país continental, o clima de determinada estação do ano não é exatamente igual em todos os estados da Federação. Em cidades do Sul, o inverno costuma ser gélido, já no norte, nordeste e centro-oeste, com exceção das cidades sobre montanhas, o calor costuma ser abrasador. Porém, é durante o outono que a semelhança de clima é maior. Os dias costumam ser ensolarados, mas com temperatura amena. Ninguém se queixa de frio intenso, nem de calor abrasador. Vai daí a minha predileção pelo outono. E por ser uma estação das noivas e da mulher, percebo que podemos respirar romantismo na suave aragem da leve brisa. Passando às vistas numa reportagem sobre moda, observei belos vestidos de noiva em modelos esqueléticos. Até hoje eu não entendi o porquê da necessidade das manequins serem magérrimas. Em princípio, apesar dos belos vestidos, eu não me casaria com nenhuma delas. Mas, por me sentir envolvido pelo clima romântico, vou aproveitar este espaço para reapresentar uma crônica que publiquei no nº 32 do “Carlito’s News de setembro de 2009.
“RECEITA DE FELICIDADE”
Usando a matemática para dividir pode não ser prazeroso, mas na literatura dividir poderá ser a melhor forma de somar. Para tal, bastaria que encontrássemos nossa alma gêmea. Poderíamos dividir espaços, as mais fortes emoções, sonhos e frustrações. Dividiríamos uma bela imagem numa única janela; dores e amores numa única cama, ou um bom filme num único aparelho de TV. Dividir a audição numa única melodia, num único poema. Compartilhar a vida a dois é viver duplamente. A individualidade só se faz necessária para almas desconexas. O amor exige parceria. É sentimento xifópago. Até a liberdade é compartilhada no amor. E a grande arte está em saber usufruí-la a dois. Só se compreende liberdade total para o pensamento e para os pássaros que não conseguem alçar voo agarrados um, ao outro. Mas o ser humano está cada vez mais individualista, como se alma gêmea fosse utopia. Se hoje três pessoas habitam uma mesma casa, há necessidade de que cada um tenha seu próprio aparelho de Tv. O diálogo foi substituindo pelo monólogo. Almas gêmeas não necessitam de muito espaço. Basta um ap. conjugado. Tudo em unidade e apenas duas pessoas e duas escovas de dente: uma rosa; outra azul. Para os risos frenéticos, algazarras e diabruras das crianças bastaria um filme de Walt Disney. E para viajar, nada de passaporte. Lar feliz é o único porto seguro. Com imaginação, variada e rica biblioteca, você poderá dar uma volta ao mundo. A integração de alma e espírito terá que ser total e a receita está em afinidade, diálogo e muito sexo. Essa é minha imagem de felicidade e paz. Utópica, eu sei, e ao mesmo tempo real. E se você, caro leitor, não encontrou sua alma gêmea e mesmo assim resolveu casar e deseja preservar seu casamento, sugiro que mantenha dois endereços: uma para você e outro para a sua esposa, pois na sociedade moderna camas separadas já não resolvem o problema.
FILOSOFANDO
Desinvenção
Se fosse possível
Fingir que saudade
É só uma borboleta
Pequenina, encantada
Que voa pra longe
Tão logo se esconde o sol
Se fosse possível
Tirar do anzol a isca
E libertar todos os peixes
E transformá-los em feixes de esperança
Que nos trouxessem de volta a alegria
Ah! Se fosse possível lutar contra o inevitável
E fazer do revés
Véu e víeis
A desinventar a dor
Poema extraído do livro “A Ordem do caos”.
Christiane Michelin é membro titular da Academia Brasileira de Poesia e Presidente da Academia Petropolitana de Letras.
ONTEM E HOJE
(60 anos e o Brasil, em termos morais, não mudou nada).
Esta crônica foi publicada em 07´04/52 no antigo jornal “Diário da Noite” do Rio de Janeiro.
79º Ainda o peixe
O SUICIDIO coletivo dos peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas, devia, senão comover, mas pelo menos inspirar o governo no sentido de resolver o problema da pesca. Ficou mais uma vez demonstrado que há abundância e variedade de peixes numa extensão de três mil milhas, ao longo das nossas costas, sem contarmos com o pescado que abunda nos rios, igarapés e lagoas no país. O peixe, como tudo, enfim, entre nós, desapareceu por excesso de proteção. Antas da nacionalização da pesca nunca faltava peixe no mercado. A pesca era então exercida pelos poveiros, rijos portugueses que, não entendendo de piscicultura, saiam à noite, nos seus barcos, com redes, anzóis e um quinto de vinho, e pela manhã, de volta do mar, abarrotavam de peixe a Praça Quinze. Comprava-se o peixe por unidade, e a olho, pagando por ele pouco mais de um tostão.
Estávamos a comer o bom peixe fresco e gostoso, quando ocorre ao governo a ideia de nacionalizar a peca. O peixe, que vendido a mexer, no balaio, de olho vivo, escama lustrosa, guelra rubra e viscosa, passaria a ser vendido no gelo, a peso e a preço muito alto, pois somente dessa maneira poderia o governo criar e manter uma nova burocracia salgada. O peixe, que passava do barco para o estômago do freguês, passaria agora por várias garras e por vários canais, processos e trâmites competentes. O pescador que era livre, tornar-se-ia um soldado do poder piscicultor. Fardado de azul, seria obrigado a levar seu peixe ao Entreposto, e ali, sob o olho ignorante, mas fiscalizador do funcionário, seu peixinho seria separado, classificado, pesado, medido, cheirado, retiravam-lhe as vísceras, examinavam-lhe os olhos, e embalsamavam-no, por fim, no frigorífico. Controlado pelo governo, o peixe ficaria então não só muito mais caro, como também mais raro, frio, ensosso e doentio.
E foi o que aconteceu. Mas o pior na nacionalização foi que os poveiros, os únicos que sabiam pescar, preferiram continuar portugueses, fugindo do Brasil. Resultado: - deixamos de comer peixe fresco no Rio. Se o governo quer nos permitir o luxo de comê-lo, revogue a lei de nacionalização, convocando de novo os poveiros. E se não pode revogá-la, peça então ao Japão que nos mande, por empréstimo, alguns dos seus técnicos em, piscicultura e meia dúzia de pescadores. Aqui é que ele não consegue quem pesque. O brasileiro gosta de pescar, sim, mas emprego público... a levar seu peixe ao Entreposto, e ali...
PRODUTOS DO CENTRO CULTURAL E TEATRO ABELARDO ROMERO
Poesia:
“Desencontro Pontual” (R$19,90)
“Trilhos Sob o Asfalto” (R$19,90)
“O Possível Inatingível” (R$19,90)
Romance:
“Um amor em Braile” (R$29,90)
“Um amor em Braile” (R$29,90)
ANIVERSARIANTES do MÊS ABRIL
Parabéns!
Pedro Vargas 02
Luana Ribeiro 05
Luís Alberto A. da Cruz 07
Maísa Lemos 07
Gisele T. de Oliveira 19
Dulce Silva Santos 22
Geraldo de Souza Queiroz 26
PENSAMENTO DO MÊS
“Eu segurei muitas coisas em minhas mãos e perdi; tudo que eu coloquei nas mãos de Deus eu ainda possuo”. (Martin Luther King)
“O melhor amigo meu cometeu dois erros imperdoáveis para comigo. – O que fez ele de tão grave? – perguntou um outro amigo. – Em primeiro lugar, fez de minha esposa, sua amante; e em segundo, me devolveu ela”.
NEWS
Angelo Romero deverá estrear seu programa “BASTIDORES”, ainda este mês de abril, em data a ser confirmada, na TV Vila Imperial, Canal 19. A escritora e atriz Ivone Alves Sol fará parte da produção e apresentação do programa e Iara Roccha, atriz, diretora e professora de teatro, colaborará com a produção representando a “Cia. Teatral Língua de Trapo”.
Mostraremos e falaremos de forma abrangente sobre o que já aconteceu e o que vai acontecer no teatro petropolitano, brasileiro e internacional.
A Cia. Teatral Abelardo Romero pretende estrear a comédia “Se meu sofá-cama falasse” assim que houver data vaga no Teatro Afonso Arinos em abril, ou maio deste ano. É desejo também da Cia., se houver apoio publicitário, remontar a comédia-musical “No Sertão do Gonzagão”, a comédia “A Herança” e estrear a comédia-dramática, “DO SÓTÃO, AO PORÃO”, já apresentada com sucesso em leitura dramatizada.
A Academia Brasileira de Poesia – Casa Raul de Leoni, convida para a Leitura Dramatizada A Última Aula (Monólogo de um Professor), do ator, diretor e professor, Sylvio Costa Filho. Dia 12 de abril às 19h, com entrada franca.
A Cia. Teatral Abelardo Romero precisa de novos atores e atrizes. Para isso, vai promover o “Curso de Teatro Angelo Romero” e as inscrições deverão estar abertas ainda este mês, para a turma de 2013.
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro.
ACADEMIA BRASILEIRA DE POESIA NEWS
Por Catarina Maul
CONVITE ACEITO
A Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni, orgulha-se pela conquista de mais este espaço na mídia, oferecido por nosso diretor cultural Angelo Romero, editor e idealizador do Carlitos News, veículo já consagrado na cidade de Petrópolis, levando cultura a centenas de consumidores da mesma.
Como presidente da Academia, recebi das mãos do amigo essa missão que abraço com carinho, ainda mais sendo o veículo um fanzine, linha de edição pela qual tenho verdadeira adoração pela praticidade da leitura, pela informalidade da formatação, pela simplicidade chique da iniciativa.
Há muitos jornais e revistas rebuscados, de coloridos incríveis e formatações impecáveis, que ao terminar de lê-los, ainda nos perguntamos o propósito, os objetivos de quem traçou sua pauta. Mas ao abrir um fanzine como esse, de conteúdo cultural e de informações importantes, o contato é saboroso, é nobre, por isso agradeço, mais uma vez a oportunidade.
De agora em diante, aqui também se encontra a Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni.
AGENDA DE PALESTRAS
A Academia prepara com carinho um ciclo de palestras, visando atender os interesses de seus acadêmicos e seu público, já que um dos principais objetivos da instituição é o contato mais íntimo com a comunidade.
As palestras acontecem na Casa Cláudio de Souza, Praça da Liberdade, 247, sempre às 19h, abertas ao público. Entrada gratuita.
Data
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Palestra
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Palestrante
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17 de abril
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Camões
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Carmem Nascimento Elias
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15 de maio
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A Arte dos Sonetos
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João Roberto Gullino
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19 de junho
|
A Poesia Marginal
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Ataualpa A. Pereira Filho
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17 de julho
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Trovadorismo em Petrópolis
|
Roberto Francisco
|
18 de setembro
|
Mario Fonseca
|
Arnaldo Rippel
|
23 de outubro
|
O Humor na Poesia
|
Oswaldo Lino Soares
|
13 de novembro
|
O Século XXI e a Poesia Holística
|
Gerson Valle
|
LEITURA DRAMATIZADA
Como forma de incentivar também outras formas literárias, a Academia sediará um ciclo de Leituras Dramatizadas de Teatro, onde diferentes textos serão apresentados, disponibilizando ao público uma diversa gama de estilos, escolas teatrais e linguagens.
As artes, nos grandes espetáculos, geralmente caminham juntas. E no teatro há sempre um quê de poesia, uma trilha sonora, um cuidado com as artes visuais. Assim, vemos como muito válido esse contato.
Para abrir o ciclo, dia 12 de abril às 19h, na Casa Cláudio de Souza, 247, com entrada gratuita, a casa receberá a apresentação da leitura “Monólogo de um Professor”, com Sylvio Costa Filho, do Grupo Pessoal Aí.
Sylvio, professor na vida real, e com mais de 25 anos de experiência no teatro petropolitano, com certeza encherá de arte e magia o espaço da Casa que abrigará o evento.
Participem!
Visitem o site da Academia Brasileira de Poesia – Casa de Raul de Leoni: www.rauldeleoni.org
A CRÔNICA DO MÊS
“As águas de março” (Angelo Romero)
Parece que foi ontem, mas já faz é tempo, em que eu procurava curti os quase trinta e um dias ensolarados do mês de março, no Rio de Janeiro, lamentando ter acabado minhas férias escolares. O tempo, corredor de maratona, passou por mim em disparada e eu custei a perceber que minhas pernas já não o acompanhavam e que as transformações foram acontecendo sem que eu me desse conta. A vida é como um livro bem escrito. Quando você está no melhor da história e pensa que ainda vai ter muita coisa para ler, percebe que já está na última página. Eu só fui perceber que o clima terrestre estava desequilibrado, quando ele, o clima, marcou consulta e foi se deitar no divã de um analista. E aí, o genial Tom Jobim compôs “Águas de Março”. E tome temporal em cima de temporal. Estão gastando tanta água por aqui, que nem uma gota tem sobrado para o nordeste. O solo ressecado de algumas regiões nordestinas faz lembrar o casco de uma tartaruga. E de quem é a culpa? Do povo que desmata a terra? Dos criminosos donos das madeireiras que derrubam as árvores, não as replantam e não são punidos? Na minha infância a maior parte das moradias era em casas. As casas tinham quintais e nos quintais havia árvores. As árvores verdes produziam oxigênio e o oxigênio favorecia uma atmosfera saudável. Hoje o cimento armado dos prédios de apartamentos eliminou o verde e bloqueou a passagem do ar que vinha do mar para refrescar a zona Sul, tornando o Rio uma cidade abafada. A culpa será das indústrias poluentes dos países ricos e dos países emergentes que também querem ficar rico? Este conjunto de coisas proporciona os temporais e os temporais, as tragédias. De quem é a culpa? Do desmatamento das encostas dos morros? Da falta de um bom sistema de recolhimento do lixo, ou de educação de parte da população que atira lixo nas ruas e entope os bueiros que existem para escoar a água da chuva e evitar os alagamentos? Do povão, que constrói suas casas no alto dos morros, sem licença, sem planta aprovada, sem as fundações e os devidos alicerces? Ricos também constroem nos morros, mas mansão de rico não desaba. Será que o maior culpado é o Governo, que não fiscaliza as obras sem licença e não põe em prática uma eficiente política para desenvolver a habitação popular, apesar de cobrar os mais altos impostos entre os países emergentes? Será que o Pré-Sal vai nos salvar, ou vamos continuar a pagar uma das gasolinas mais caras do mundo? Como ficará o bom relacionamento do governo com os usineiros se tentar baratear o álcool combustível? E como é gasto o dinheiro dos impostos? Criando mais ministérios? Aumentando o número de deputados, senadores e vereadores? Pagando ordenados imorais em relação ao salário mínimo do trabalhador e ainda oferecendo benefícios dos mais diversos, inclusive o auxílio moradia? Viajando para o exterior para ver o Papa e ainda levando uma enorme comitiva de políticos que por certo irão apoiar o governo numa futura reeleição? Terá o Governo culpa, ou a culpa é do povo que voltou a eleger os mais famosos ladrões do dinheiro público, todos eles julgados e condenados, mas reeleitos? Quais são nossos defensores? Quais são os nossos líderes políticos? Os mesmos de 30, 40 anos atrás? Políticos esses que não cresceram moralmente em favor do povo e que continuam garotinhos a brincar de esconde, esconde com o dinheiro público em Bancos da Suíça?
Não vou ler a última página do livro da vida. Basta ler os jornais e olhar de relance as fotos da mais recente tragédia provocada pelas chuvas. E desesperançado de que o Brasil e o resto do mundo tenham solução, o melhor é cantar para não chorar: “É pau, é pedra é o fim do caminho... São as águas de março fechando o verão. É promessa de vida no meu coração”.
FILOSOFANDO
O POEMA DO MÊS
Ugo Miller
“Ah! Tivera eu certeza
Que Jesus me abençoaria
Me consolaria assim dizendo:
-Vem meu filho acabaram suas
tristezas, as traições as decepções –
Aqui você é meu e eu te darei tudo
o que mereces. Aqui enfim serás feliz.
Tu encontrarás todos aqueles
queridos que para cá vieram.
Ah! Se tivesse certeza eu
Apressaria essa ida tão logo
78º A revolta dos peixes
Continuam os doutores preocupadíssimos com o fenômeno ocorrido há pouco na Lagoa Rodrigo de Freitas. Á superfície daquela água mansa afloram, de barriga prateada para cima, milhões, talvez bilhões de peixes. Inúmeros deles chegaram à tona já mortos, enquanto outros, arregalando o redondo olho e abrindo a redonda boca, pediam S.O.S. na língua muda dos peixes. Entre as muitas hipóteses levantadas, na tentativa de esclarecer o fato, impôs-se a princípio, a de que aqueles peixes teriam sido criminosamente envenenados com resíduos, canalizados para a Lagoa, de uma usina desintegradora de urânio e outros materiais atômicos. Não existindo, porém, essa usina, puseram-se os técnicos a investigar outras causas prováveis do fenômeno. Há muito que se despeja lixo na Lagoa. Asfixiados pelo mau cheiro de toneladas de detritos domésticos, teriam os peixes rendido o fôlego ao Criador. Verificaram, porém, os sábios que o lixo é atóxico, inclusive para os peixes.
De que teriam morrido, pois os escamosos irmãos da Lagoa? Epidemia, excesso de calor, falta de oxigênio, etc.. Nada disso. Trata-se, no nosso entender, de um fenômeno de ordem política. Foi, em síntese, uma revolução de peixes. Sempre que nos preparamos para comemorar o São João com um peru, o São Jorge com uma galinha e outros santos com ovos, desaparecem, como por encanto, todos os perus, todas as galinhas, todos os ovos. Agora, que nos preparávamos para comer pescado, na Quaresma, ei-lo a fugir do mercado. Ora, o peixe que já é oculto pela natureza, torna-se assim, nesta época, a mercadoria mais facilmente ocultável.
Como o povo não entende de peixe, fácil enganá-lo com patranhas sobre o pescado. Da ponta do Caju a Sepetiba, segundo os piscicultores, fogem todos os peixes aos primeiros sinais da Quaresma. Este ano, porém, reunidos em congresso, resolveram os peixes desmoralizar, com sacrifício da própria vida, os líderes de colônias Z, os mandões de entrepostos e as próprias autoridades públicas no domínio da pesca.
Se perguntássemos, há dias, a qualquer um deles:
- Há peixe na Lagoa?
- Qual nada! – responderiam todos a rir da ingênua pergunta. – Só há ali piabinhas. A Lagoa é para turismo, e não para a pesca.
Para provar o contrário, reuniram-se aos milhões, os belos, grandes e gostosos peixes da Lagoa Rodrigo de Freitas. “Subamos à tona – propôs um deles. – Provemos ao povo, num suicídio em massa, que há excesso de peixe no Rio. O que não há são outras coisas”...
Abelardo Romero
PRODUTOS DO CENTRO CULTURAL E TEATRO ABELARDO ROMERO
Poesia:
“Desencontro Pontual” (R$19,90)
“Desencontro Pontual” (R$19,90)
“Trilhos Sob o Asfalto” (R$19,90)
“O Possível Inatingível” (R$19,90)
Romance:
“Um amor em Braile” (R$29,90)
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ANIVERSARIANTES do MÊS MARÇO
Parabéns!
André de Albuquerque Romero 06
Tânia Cristina da Costa 14
Marcelo M Thomas 16
Sylvio Adalberto 17
Oswaldo Lino Soares 18
Verônica B. Bozano da Cruz 19
Vanessa dos Reis Rodrigues 21
Andréa do Couto 23
Herly de Albuquerque Freire 23
Lúcio R. de Carvalho 28
Geraldo da Silva Guimarães 30
Norma de Oliveira de Almeida 31
PENSAMENTO DO MÊS
“Quem faz tudo o que quer,
não faz tudo o que deve”.
(Conselheiro Bastos)
“Joãozinho pergunta para a mãe: Eu nasci de um ovo, mamãe? A mãe responde: Claro que não. Foi a cegonha que trouxe você. Mentira! Foi de um ovo - respondeu o menino. Quem disse isso, menino? – perguntou a mãe, aborrecida. Eu ouvi o vizinho falar para o amigo do quinto andar, botando a mão na minha cabeça: “este aqui é o filho daquela galinha da cobertura”.
NEWS:
Angelo Romero vai estrear seu programa “BASTIDORES”, em abril, em data a ser confirmada, na TV Vila Imperial. O Programa tem a apresentação, idealização e direção geral do Angelo Romero. Fazem parte da equipe a atrizes Ivone Alves Sol, como produtora executiva e apresentadora, e Iara Roccha, como colaboradora, através do Ponto de Cultura Língua de Trapo. Mostraremos e falaremos de forma abrangente sobre o que já aconteceu e o que vai acontecer no teatro petropolitano, brasileiro e internacional.
A Cia. Teatral Abelardo Romero pretende estrear a comédia “Se meu sofá-cama falasse”, assim que houver data vaga no Teatro Afonso Arinos em abril deste ano.
É desejo também da Cia., se houver apoio publicitário, remontar a comédia-musical “No Sertão do Gonzagão”, a comédia “A Herança” e estrear a comédia-dramática, “DO SÓTÃO, AO PORÃO”, já apresentada com sucesso em leitura dramatizada.
A Cia. Teatral Abelardo Romero precisa de novos atores e atrizes. Para isso, vai promover o “Curso de Teatro Angelo Romero” e as inscrições deverão estar abertas ainda este mês, para a turma de 2013.
Divirta-se e cresça: assista teatro; estude teatro
A CRÔNICA DO MÊS
(Angelo Romero)
ATA DA REUNIÃO DO GRÊMIO RECREATIVO E CARNAVALESCO ”VAI NA MARRA”
Às oito horas da noite, em primeira convocação, e às 10h45 na segunda de 13 de maio deste ano, dia de nossa padroeira, foi aberta a reunião para tratarmos do carnaval do próximo ano. Nosso presidente, Sr. Sandoval Praxedes, vulgo Beicinho, dando início aos trabalhos logo passou a palavra pro companheiro mestre Vicentinho, nosso carnavalesco. Este lamentou o último lugar da Escola no carnaval passado e o xxxxxxxxxx consequente rebaixamento para o terceiro grupo. Ao ver dele, o poblema do rebaixamento se deu devido a má fé e a incompetência de alguns jurados, principalmente do Sr. Smotcherds, ou Esmoutecherde, ou, sei lá como se escreve (também foram convocar um sueco para julgar escola de samba (não podia dar certo) e ele deu nota mínima para os quesitos enredo, comissão de frente, bateria e mestre sala e porta-bandeira. Foram lamentadas também as suspeitas levantadas sobre alguns membros de nossa Escola em virtude do falecimento do referido jurado, acontecido um dia após da apuração, quando todos sabem que a referida pessoa morreu de um tombo que levou. O tal jurado estava bebendo uma caipirinha com os amigos num bar do calçadão de Copacabana, quando uma bala perdida o atingiu no peito. Ao cair da cadeira ele bateu com a cabeça no meio-fio da calçada e morreu do tombo. Tem uma ala inteira da Escola como testemunha. Dando xxxxxxxxxxx sequência a reunião, mestre
Vicentinho apresentou o tema do enredo para o próximo carnaval Depois de muita gritaria e apartes, foi aprovado pela maioria diante do empenho dos seguranças, o enredo apresentado: “A INFLUÊNCIA DO FAVELADO NA CULTURA DE NOSSO POVO” Em seguida, a palavra foi dada a Mestre Mão de Ferro, diretor de bateria que falou da xxxxxxxxxx necessidade da comunidade fabricar seus próprios instrumentos devido aos preços deles nas lojas. Mas logo foi aparteado por Mestre Pinguela que falou das dificuldades de arranjar gatos por causa das vendas dos churrasquinhos na quadra da escola. O assunto foi muito debatido e ficou provado que o lucro da Escola com os churrasquinhos será maior do que a economia com o fabrico dos instrumentos. Como não houve xxxxxxxxxxx unanimidade, esse assunto ficou pra ser resolvido na próxima reunião de diretoria. Mestre Flor de Cheiro, diretor da ala das baianas, pediu um minuto de silencio em face do falecimento de dona Conceição, que com 91 anos era a mais velha das baianas, em virtude da pirueta que ela deu durante o último ensaio. Já Mestre Bimba da Consolação, puxador (no bom sentido) do samba-enredo, ofereceu seu barraco para ser uma das alegorias. A sugestão foi muito aplaudida, mas não foi aceita devido à dificuldade de retirar o barracão do chão sem desmontar ele. Mestre Vicentinho prometeu entregar o resumo do enredo para o diretor da ala dos compositores, Mestre Almiro Pontual, cuja ausência na reunião foi muito sentida. Ficou aprovado também, antes das 20 eliminatórias, que cada samba-enredo concorrente só poderá ter, no mínimo, um autor e no máximo dez. O assunto mais lamentado foi a impossibilidade da Escola aceitar contribuição em dinheiro oriundo da turma do pó, devido a pacificação do Morro, mas que o dinheiro do bicho continuará a ser muito bem vindo. Ficou aprovada a tabela para as inscrições. Para o pessoal da comunidade a inscrição será grátis. Já os de fora, que quiserem sair como destaques em fantasias de luxo, terão que pagar uma taxa 50% maior do que a cobrada no carnaval que passou. Ficou decidido que Mestre Porreta, que está cumprindo pena no presídio de Água Santa, só continuará como diretor de Harmonia se for solto três meses antes do desfile. A reunião foi suspensa pro pessoal molhar a garganta às 2h40 da madrugada reiniciada, trinta minutos depois, com mais da metade dos diretores ausentes. No item de assuntos gerais, foi solicitado um voto de louvor ao Sr. Dr. Manizel, Pastor do Templo “Deus na Comunidade” por suas substanciosas contribuições para a Escola, em troca de proteção para os seus fieis seguidores. A reunião foi encerrada às 3h35 da madrugada e marcada a próxima para daqui a 30 dias.
OBS. Esta é uma cópia autenticada das folhas 17, 18 e 19 do Livro de Ata número 3. Devido a terem aliviado as borrachas da máquina da secretaria, os erros de datilografia foram riscados com a letra “X”.
FILOSOFANDO
O POEMA DO MÊS
NASCIMENTO
Catarina Maul
Das alturas cai o homem,
meio anjo, meu gente,
todo luz incandescente....
No peito, a bagagem de sonhos
e na alma, total liberdade.
Desce o homem, a identidade,
ganha a terra e seu domínio.
Nos olhos turvos, fascínio
frente a sua verdade.
Das alturas cai o homem,
meio deus, meio poesia,
ar, aroma, maresia,
é todo dom da coragem
absorvida e retida.
Cai na rota decidida,
ganha o mundo e seu destino.
É nobre, claro, menino,
seu coração na batida.
Das alturas cai o homem,
o céu comemora a vida!
(Este poema foi extraído do livro “INTENSA” de Catarina Maul,
atual presidente da Academia Brasileira de Poesia)
TEATRO EM GOTAS
(Curso de Teatro)
Matrículas abertas para 2013
Informações: Tel. 2245-7260
PRODUTOS DO CENTRO CULTURAL E TEATRO ABELARDO ROMERO
Poesia:
“Desencontro Pontual” (R$19,90)
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“Trilhos Sob o Asfalto” (R$19,90)
“O Possível Inatingível” (R$19,90)
Romance:
“Um amor em Braile” (R$29,90)
“Um amor em Braile” (R$29,90)
Poxa, que lindo está o querido e esperado veículo de comunicação Carlito's, Neuws, sempre tão bem preparado pelo escritor Angelo Romero. Agradeço a divulgação do meu poema, assim como de meu livro Intensa. Só mesmo um editor poeta para ter tamanha sensibilidade.
ResponderExcluirSobre o programa de TV, espero ansiosa para assistir a estreia. Com certeza, será um sucesso!
Adorei a ideia do Carlitos News no blog. Excelente.
ResponderExcluirMeus caros familiares do inesquecível Ângelo Romero. Parabéns pela feliz iniciativa que permitiu a todos nós, grandes apreciadores do ilustre escritor , pudéssemos vir a recordá-lo ,ainda que com lágrimas. Saudades!
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