Completo minha rotina
matinal ao pegar o jornal na soleira da porta de meu apartamento. Sento-me na
espreguiçadeira ao lado da janela ávido pelas notícias. Mas minha atenção é
despertada por estilhaços de sol sobre a folha dos esportes. Assusto-me. Deixo
o jornal cair ao chão e desvio os olhos para a janela. Toda luz que há lá fora
parece espremer-se para penetrar através do pequeno e irregular orifício no
vidro. Ofusca-me. Um facho fino, como o de um refletor de teatro, risca em
linha reta o espaço da sala, por sobre minha cabeça. Esqueço o jornal estendido
no chão, inerte, abatido. Troquei as manchetes do presente por um mergulho nas
páginas do passado. Mil e uma
gavetas da memória abriram-se a um só tempo com imagens de um Rio de Janeiro
bem mais tranquilo.
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